Do blog Sem Fronteiras
As “internacionais criminosas”, conhecidas pelo nome genérico de máfias, contam com uma incrível capacidade de adaptação ao mercado consumidor. Não tem tempo quente, para usar uma expressão popular.
Por redes flexíveis, cujos nós de abastecimento se espalham pelo planeta, as máfias controlam a geoeconomia e a geoestratégia com mais competência do que muitos chefes de blocos e ministros de economia e finanças, como, por exemplo, os da União Europeia (UE).
Não existem para as máfias crises econômicas capazes de zerar seus lucros ilícitos. Com efeito, elas sempre ofertam uma droga proibida que cabe no bolso do usuário. Jamais deixam o toxicodependente, e o usuário em geral, em abstinência ou passando vontade, quer na Grécia quer na Cracolândia paulistana.
Na quebrada Grécia, as organizações criminosas estão ofertando, e o país de origem ainda é desconhecido da Europol (polícia da União Europeia), uma droga composta de detergente e líquido de baterias. A nova droga tem consistência de pedra, como o crack. Mas, atenção: a pedra consumida na Grécia não contém coca como princípio ativo.
Os gregos chamam essa nova droga de Sisa e é aquecida e fumada com o emprego de cachimbos, como se vê na Cracolândia de São Paulo.
A Sisa custa dois euros, mas em certas zonas degradadas de Atenas é vendida a 0,50 euros. Numa comparação, o papelote de cocaína, para os helênicos, sai a 5 euros e cada picada de heroína, proveniente do Afeganistão e refinada na Turquia, custa de 20 a 30 euros.
Segundo o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, com sede em Lisboa, os efeitos da Sisa são devastadores: “Comparável a 18 meses de consumo injetável de heroína”, informa nota do órgão.
As polícias europeia e grega trabalham com duas pistas, baseadas no princípio ativo. Isso para chegar à fonte de fornecimento e à origem do produto ilícito.
Uma das pistas é o Paquistão, país de escoamento da heroína do Afeganistão e ex-maior produtor de morfina básica. A segunda pista concentra-se na atuação da chamada Máfia Curda.
Pano rápido. Pela inexistência de coca ou derivados, os países andinos estão excluídos como produtores (Colômbia, Peru, Bolívia e Equador).
Wálter Fanganiello Maierovitch
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