Grupo antirracismo faz protesto surpresa no Pátio Higienópolis
"A população preta só entra aqui para limpar o chão", disse ontem uma das lideranças de uma marcha antirracismo, seguido por cerca de 300 manifestantes dentro do shopping Higienópolis, no centro de São Paulo.
Com bandeiras e faixas, o movimento saiu do largo Santa Cecília, escoltado pela polícia militar e pela CET. Subiram a avenida Higienópolis e, sem que a polícia ou seguranças esperassem, entraram de uma só vez pelos corredores do shopping.
A reportagem é de Ricardo Schwarz e Vanessa Correa e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 12-02-2012.
Assustados, frequentadores correram para as lojas, e muitas delas fecharam as portas entre as 16h e 17h.
O movimento, liderado pelo Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, invocou causas diversas no protesto.
Criticaram a reintegração de posse na favela do Pinheirinho, a ação na cracolândia e casos como o de uma funcionária da escola Anhembi Morumbi, no Brooklin (zona sul), que alega ter sido pressionada a alisar os cabelos.
Wilson Honório da Silva, coordenador do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, diz que o shopping foi escolhido para a manifestação por ser, segundo ele, um símbolo das consequências do racismo.
"Estamos apenas fazendo um alerta porque este espaço representa tudo que oprime os negros".
OPINIÕES DIVIDIDAS
A manifestação surpresa dividiu opiniões entre frequentadores do shopping. A arquiteta Ivani Lo Turco, 58, desaprovou completamente.
"Achei ridículo. Afinal de contas, esse negócio de racismo onde é que está?"
Questionada a respeito a declaração dos manifestantes sobre a pequena quantidade de negros dentro do estabelecimento, Ivani discordou enfaticamente: "Você viu a quantidade de seguranças negros, de empregados?".
O frequentador Leandro Wajid, 80, porém, apoia o protesto. "Eles [manifestantes] falam que está tendo racismo e é verdade. Esse shopping deveria ser misto, mas só tem branco".
SHOPPING
A assessoria de imprensa do shopping Higienópolis afirmou, por meio de nota, que "a manifestação foi pacífica e apenas observada de longe pelos seguranças".
Disse, ainda, que "atribui a escolha do local à proximidade com a cracolândia" e pela repercussão por ser um bairro de destaque na mídia.
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