Sebastião Nery
Em Belo Horizonte, na década de 50, havia três restaurantes populares, com preços oficialmente subsidiados. Um na Avenida Afonso Pena para os funcionarios municipais, mantido pela Prefeitura. Outro na antiga Feira de Amostras para os trabalhadores e desempregados em geral, comandado pelo SAPS (dos Institutos de Previdencia do governo federal). E um terceiro para nós estudantes, na praça Sete, embaixo do“Cine Brasil”.
Por ficar no subsolo do cinema, embora o serviço e a comida fossem bons, chamávamos o nosso de “O Humilhante”. O do SAPS tinha comida ruim : era “O Degradante”. O da Prefeitura comida péssima e muito sujo: era “O Repugnante”.
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O “CANCER”
Dias atrás, jornalões da mal afamada “grande imprensa” e alguns jornais de TV “comemoraram” estrepitosamente um câncer na tireóide da presidente Cristina Kirchner, da Argentina.
A presidente foi operada, não havia câncer nenhum. Apenas uma tereoide extraída. Uma semana depois já estava no palácio, trabalhando. E os mesmos que celebraram o “cancer” esqueceram de informar a “tireóide”.
Como se chamaria isso? Um antiprofissionalismo “humilhante”? Um jornalismo “degradante”? Ou uma imprensa “repugnante”?
Põe “repugnante” nisso. Melhor seria vomitante.
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ARGENTINA
Como se explica esse ódio baboso, babante, funereo, de quase toda a imprensa brasileira contra a presidente da Argentina? Por ser mais bonita do que a Dilma? Mas presidência da Republica não é concurso de Miss. Ambas já se revelaram duas mulheres serias, competentes, exemplares.
Será porque Messi é melhor do que Neymar? Esperem Neymar chegar à idade, à estrada e à experiencia de Messi. Quem teve Pelé não pia.
Ou será porque o governo argentino quer um pouco mais de equilíbrio nas relações comerciais entre os dois países? A Argentina está fazendo seu papel e o Brasil não tem culpa. O tamanho e a força de nossa economia, o poder de nossa industria e nossa agricultura, tudo isso leva a que nossas exportações para a Argentina sempre tenham sido maiores que nossas importações de lá. É um desequilibrio de mais de 3 por um.
Para isso existem governos. Para negociarem e se compensarem.
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MAU EXEMPLO
Mas não é nada disso. Alguns jornalões, revistas e TVs pouco estão se lixando para nossa industria e agricultura. Eles estão é cumprindo a tarefa infame, asquerosa, repugnante, que deles exigem os bancos e banqueiros nacionais e internacionais, contra o “mau exemplo” argentino.
Há exatos 10 anos a Argentina faliu e deu um beiço, um calote nos banqueiros e seus cães de guarda, o FMI e o Clube de Paris. O Menem, presidente de então, aquele cafajeste de salto carrapeta e costeletas de cabaretier, dizia que as ligações da Argentina com os Estados Unidos e seus banqueiros eram “carnais”. Igualou o peso ao dólar e o pais explodiu.
O ex-presidente Kirchner ainda estava na Patagônia como governador e a Cristina Kirchner era senadora por Buenos Ayres. Com o pais quebrado, ele foi eleito presidente, tomou posse e no dia seguinte convocou o FMI, o Clube de Paris e os banqueiros e lhes deu um ultimatum :
- Os senhores estão nos cobrando 100 bilhões de dólares, mas só nos emprestaram 25 bilhões. O resto são juros sobre juros, acordos feitos no escuro, negociatas, roubo puro. Não vamos pagar roubo. Se quiserem receber os 25 bilhões hoje, pagaremos hoje. Mas só isso. O resto vão cobrar do irresponsavel ex-presidente, sócio dos senhores. E passem bem.
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FEBRABAN
Estados Unidos e Inglaterra ameaçaram invadir o pais. Mas enfiaram o rabo entre as pernas, receberam os 25 e criaram grupos de TVs, revistas e jornais para combaterem a Argentina implacavelmente pelo“mau exemplo”
Criaram uma matilha de chantagem, os “Diarios da America”, que toda semana produzem editoriais em jornais e TVs contra a Argentina em toda a America Latina. O estilo dos textos é o mesmo. Parecem coisa do Mailson da Nóbrega ou do Gustavo Loyola, velhos lobistas serviçais da Febraban.
Dias atrás, no “Jornal Nacional”, sem alegar assunto nenhum, o William Bonner fez um histérico discurso contra a presidente da Argentina. No “Jornal da Globo”, o William Waack repetiu. De manhã, lá vinha “O Globo” com a mesma baboseira. E durante a semana colunistas do jornal recebiam a mesma “tarefa” de punir o “mau exemplo” argentino. Diziam que, “isolada do mercado” (financeiro), a Argentina não iria resistir. Sem precisar pagar os 75 bilhões do roubo, a Argentina saiu logo do buraco do Menem e há nove anos, desde 2003, vem crescendo sistematicamente a 8%, 9%, 10% ao ano, enquanto o Brasil, pagando mais de 260 bilhões por ano de juros, arranca os cabelos para ver se chega a 3%.
O que fará a matilha com o“mau exemplo” da Grécia, de Portugal, da Espanha, da Itália? Nenhum deles vai poder pagar o assalto dos banqueiros
Fonte: Tribuna da Internet.
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