- Blog do Zé /Por Zé Dirceu
A
oposição ao governo do PT conta com forte apoio de parte da elite do
Brasil. Uma elite que se sente desconfortável com a revolução social que
houve no país nesta última década, com a inclusão de milhões de
brasileiros e a perda do que antes era privilégio só de uma fatia
pequena da sociedade.
Uma reportagem publicada no portal iG, com dados do Data Popular,
ilustra bem esse cenário e o preconceito contra as classes mais baixas e
sua ascensão econômico-social. O título da matéria é “Ricos perdem exclusividade e reclamam da classe emergente”.
O texto recorre à polêmica gerada nas redes sociais pelo
lançamento, na última semana, do iPhone 5C, a versão mais barata de seu
telefone: “Com a Apple dedicando esforços à popularização de seus
produtos, houve quem reclamasse que os smartphones da marca, antes
restritos a uma minoria privilegiada, virariam ‘coisa de pobre’”.
“A questão não é a qualidade do produto ou do serviço, mas o status
que o uso dessas ferramentas agrega. O fato é que as classes mais altas
andam muito incomodadas com o enriquecimento dos chamados emergentes,
principalmente porque sentem o peso da perda da ‘exclusividade’”, diz a
reportagem,
“Não tenho dúvidas que é a perda da exclusividade que está
incomodando esses consumidores”, afirma de Renato Meirelles, presidente
do Data Popular, consultoria de pesquisas especializada nas classes
emergentes.
Entre 2010 e 2011, segundo dados da pesquisa O Observador , a renda
média disponível para as classes C e D aumentou 50%. A renda dos mais
pobres cresceu três vezes mais que a renda dos mais ricos nos últimos
dez anos.
A maior parte do que era acessível apenas a alguns privilegiados já
está ao alcance dos emergentes, diz Meirelles. “Hoje é comum, por
exemplo, empregada e patroa usarem o mesmo perfume. O exclusivo está
cada vez mais democrático”, explica.
Num congresso da semana passada, o Data Popular exibiu um vídeo em
que apresentava entrevistas de cidadãos comuns – de classes A e B –
falando sobre o “incômodo” que a popularização dos serviços provocava no
seu dia a dia. ”Incomoda ver como as pessoas entram nos aviões
carregando coisas absurdas”, diz uma senhora. “Empresas como a CVC
acabaram como a nossa boa vida. Viajar de avião não é mais classe A”,
afirmou outro rapaz.
A reportagem diz que esse grupo, no entanto, muitas vezes ignora
que boa parte desses emergentes de fato já são mais ricos que eles.
Meirelles destaca que 44% das pessoas que compõe as classes A e B são os
primeiros ricos da família.
“São pessoas com histórico de classe C, com jeito de pensar de
classe C, mas que têm renda muitas vezes até maior que o ‘rico’ que
reclama”, diz.
A matéria explica que é no histórico que mora a principal
diferença. Enquanto no passado o novo rico costumava esconder sua
origem, hoje ele se orgulha de sua trajetória e já não tem mais as
classes A e B como referência inconteste.
“Quem acha que a aspiração da classe C é ser classe A está
enganado”, afirma Meirelles ressaltando que a lógica social das duas
classes são inversas. “Enquanto a classe C trabalha na lógica da
inclusão, a elite trabalha na lógica exclusividade. Os mais ricos
esperavam que esse novo público os tivesse como exemplo de
comportamento, mas isso não aconteceu.”
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