sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ECONOMIA - Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.

Um relatório fundamental para ser lido pelos economistas tucanos e pela direita 

Concordo em gênero, número e grau com o mais recente Relatório de Comércio e Desenvolvimento da UNCTAC (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), divulgado ontem, dizendo que os países em desenvolvimento precisarão reconsiderar suas estratégias de crescimento para reduzir a importância das exportações, uma vez que os desenvolvidos terão pela frente um longo período de expansão lenta.
Recomendo a leitura desse relatório aos nossos economistas de direita, tucanos, a Casa das Garças e seus associados.
O documento diz que vai ser preciso dar mais peso à demanda doméstica e cita o Brasil como um dos países que já vêm fazendo isso, ao lado da China.
E mais, continua o relatório: isso pode fortalecer a opção de comércio regional Sul-Sul, com intensificação das exportações entre esses países.
Ainda bem que o Brasil, assim como a China, deu prioridade a seus mercados internos. A China completou sua estratégia com a integração asiática; e o Brasil, com a sul-americana.
E não me venham com o discurso de que desprezamos os mercados externos. O comércio da China com os Estados Unidos e União Europeia e o do Brasil, proporcionalmente ao tamanho de cada economia, são a prova de que isso não existe.
O que interessa é que o motor do nosso crescimento é o nosso mercado interno e a integração sul-americana. Daí a importância do consumo na estratégia de crescimento, sem que isso signifique que o investimento não conta. Essa falsa dicotomia não passa de pretexto para desqualificar nosso projeto de desenvolvimento e esconder os interesses e a natureza do projeto da direita. A serviço do capital e da hegemonia norte-americana.
Mudanças tributárias
E vejam que o relatório da ONU rebate esse argumento muito comum de que a demanda interna dos países em desenvolvimento não é suficiente para manter a expansão econômica. O documento afirma que o crescimento da classe média nessas nações pode ser suficiente para aumentar o consumo privado e compensar o declínio da demanda dos desenvolvidos.
O texto alerta, no entanto, que impulsionar a demanda interna com facilitação ao crédito de consumo pode levar a um endividamento excessivo. Por isso recomenda o aumento do emprego público e do investimento em empresas, com mudanças na estrutura tributária. E aqui já dissemos várias vezes da importância da reforma tributária.
Aos países desenvolvidos, o relatório pede que ajam de forma mais decisiva para combater a crise, que inclui aumento da desigualdade, redução do Estado, papel predominante de um setor financeiro mal regulado e um sistema internacional propenso a desequilíbrios globais. O documento aponta o Japão como uma exceção à tendência atual de austeridade.

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