Concorre ou não?
“Com fé em Deus e na Justiça, aguardo a decisão do TSE que define o destino da Rede.”
Assim
Marina iniciou o dia de ontem, com dupla fé exposta em sua conta no
Twitter. Ela terminou o dia duplamente frustrada em sua fé.
Ou
melhor: apenas uma pessoa correspondeu à sua convocação: Gilmar Mendes.
Foi o único voto favorável no TSE à aprovação da Rede de Marina, num
grupo de sete juízes. Desta vez, GM não teve a companhia de Marco
Aurélio de Mello, um dos seis votos contra a aprovação da Rede.
Não
é uma questão política, ao contrário do que muitos tentam insinuar. É
uma questão de aritmética. A Rede simplesmente não conseguiu reunir as
492 000 assinaturas necessárias a seu estabelecimento como partido.
A atitude mais sábia de Marina e seguidores não é se darem ares de vítimas, e sim parar para tentar entender onde falharam.
O
choro não levará a nada. Uma discípula de Marina, por exemplo, produziu
o seguinte desabafo no Twitter: “Por que o partido da Marina foi
barrado? Por que querem calar a Marina? Por que, gente? Me expliquem!”
Só faltou a essa admiradora ameaçar jogar fogo às vestes.
É
importante lembrar que 2014 não terá a Rede, mas provavelmente terá
Marina. Hoje ela vai anunciar sua decisão de concorrer ou não por outro
partido.
Ela
frustrará seus eleitores se não concorrer. Marina, para muitos
brasileiros, é uma política “pura”, diferente de tudo que está aí.
Quanto há nisso de percepção e de realidade é outra história.
A
imagem de Marina como uma espécie de flor de lótus se realçou nos
protestos de junho. Neles, todos os partidos e todos os políticos
receberam pedradas morais, exceto Marina.
Marina
se firmou, ali, como o principal adversário de Dilma. Pesquisas mais
recentes registram uma certa deflação em sua popularidade, mas ainda
assim ela aparece muito à frente de nomes como Aécio, Campos etc.
Sem
Marina, são escassas as chances de as eleições de 2014 irem para o
segundo turno. Dilma, depois do chacoalhão de junho, vem se reerguendo
nas pesquisas, como era previsível.
Aécio
está aí com um discurso tão velho que não serviria sequer para seu avô
Tancredo, a despeito de expressões modernosas (e risíveis) como “papo
reto”. E Eduardo Campos chegará a 2014 como um personagem regional e
coadjuvante.
A
fraqueza dos outros rivais de Dilma deve animar Marina a se candidatar.
Ela vai ter amplo espaço na mídia para fortalecer as sementes de sua
(futura) Rede.
Será uma surpresa – uma monumental surpresa – ela anunciar, hoje, que está fora de 2014.
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