Turquia: Esquerda curda denuncia golpe eleitoral
Em comunicado, o Partido Popular da Igualdade e Democracia (DEM, sucessor do partido HDP que teve de mudar de nome devido às ameaças de ilegalização) denuncia um golpe eleitoral nas eleições municipais turcas deste domingo. O partido reforçou as posições alcançadas nas eleições de 2019 nas regiões de maioria curda no leste da Turquia, vencendo dm 79 dos 973 municípios do país e em três das 30 zonas metropolitanas, passando a governar em 10 das 81 capitais de província, mais duas do que em 2019.
Na zona metropolitana de Vane, a vitória de Abdullah Zeydah foi obtida com 55,48% dos votos, a larga distância dos 27,15% de votos no opositor Abdulahat Arvas, do partido do presidente turco Erdogan, o AKP. Mas logo a seguir à proclamação dos resultados, as autoridades locais recusaram-se a dar posse ao vencedor, substituindo-o pelo candidato do AKP.
O golpe judicial ocorreu a poucos minutos do encerramento da campanha na sexta-feira, com a entrega de uma contestação do Ministério da Justiça às credenciais de Abdullah Zeydah. O candidato do DEM esteve preso numa das vagas repressivas de Erdogan contra os políticos curdos, sendo libertado em 2022 com a restituição pelo tribunal de todos os seus direitos políticos. Esses direitos foram confirmados na verificação deste processo eleitoral no momento da apresentação da candidatura.
O DEM acrescenta que após receber a diretiva do Ministério da Justiça para retirar o direito de Zeydah a candidatar-se, a menos de 48 horas do ato eleitoral, o Procurador enviou o caso para o tribunal que lhe tinha restituído os direitos políticos. E no próprio dia não só o tribunal revogou a decisão que tinha tomado, como antes de a revogar informou preventivamente o tribunal eleitoral, impedindo assim o direito de recurso por parte do candidato.
"Esta manobra reflete a mentalidade que despreza o mandato do povo. Zeydah é co-presidente do município metropolitano com todo o direito que lhe foi conferido pelo povo de Vane", afirma o DEM em comunicado emitido esta terça-feira, no qual apela aos restantes partidos e aos democratas que reconheçam este facto e exijam a revogação da decisão de o afastar.
Esta não é a primeira vez que o regime de Erdogan desrespeita a vontade popular saída das urnas nas regiões de maioria curda. Após as eleições municipais de 2019, o governo nomeou administradores da sua confiança para substituir os autarcas eleitos pelo HDP em 59 dos 65 municípios onde ganharam as eleições.
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