O plano climático norte-americano não é ambicioso o suficiente para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), declarou ontem em entrevista à Reuters o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Ban saudou o compromisso do Presidente Barack Obama para com as alterações climáticas mas disse que outros países estão a fazer mais. Além disso, acrescentou, o mundo não pode esperar que os Estados Unidos aprovem a sua legislação climática sob pena de pôr em causa o novo protocolo que vai substituir Quioto, que expira em 2012, numa conferência em Dezembro, em Copenhaga.
Quando lhe perguntaram se já pressionou Washington a fazer mais, Ban respondeu: “isso é o que tenho estado a fazer e é o que continuarei a fazer”.
Na quinta-feira passada, foi aprovada pelo Comité de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes o projecto-lei Waxman-Markey para reduzir os GEE norte-americanos em 17 por cento, a níveis de 2005, até 2020. “Isto é, claramente, mais baixo do que as metas de outros países, especialmente na União Europeia”, comentou Ban.
“Reconheço aquilo que o Presidente Obama e a sua administração têm feito. Mas precisamos de continuar a encorajar os Estados Unidos a fazer mais”, disse o responsável.
Ontem em entrevista à AFP, o enviado especial Americano para o clima, Todd Stern, reconheceu que os compromissos do seu país irão “tão longe” quanto possível, tendo em conta o seu sistema político e a necessidade de contar com o apoio do Congresso.
A aprovação conseguida na quinta-feira aproximou o plano climático de Obama de uma aprovação final pela Câmara dos Representantes, o que poderá acontecer em Agosto. No entanto, ainda é incerto se o plano vai ser aprovado pelo Senado até Dezembro.
“Não deverá existir nenhum condicionalismo a este protocolo global em Copenhaga”, disse Ban, depois de ter dito aos jornalistas que um acordo em Dezembro “não é uma opção”.
A organização ecologista Greenpeace considera que este projecto-lei foi “drasticamente enfraquecido” em nome dos interesses das indústrias que queimam combustíveis fósseis e por outros grandes poluidores. “Esta lei cedeu aos interesses políticos e à pressão da indústria”, comentou Phil Radford, director-executivo da Greenpeace norte-americana.
Uma cimeira climática da Assembleia Geral da ONU, em Setembro, será o maior fórum sobre a questão e “criticamente importante” para que os líderes mundiais resolvam as suas diferenças. “Vou tentar fazer deste debate o fórum mais interactivo para que os líderes possam experimentar o compromisso e o olhar em conjunto para o futuro, enquanto planeta Terra”, acrescentou.
O sentido de emergência também foi sublinhado hoje pela França. Muito provavelmente, o “destino do mundo” será decidido na conferência de Copenhaga, em Dezembro, considerou hoje o ministro francês da Ecologia, Jean-Louis Borloo, na abertura do Fórum das Maiores Economias (MEF, sigla em inglês), que reúne os maiores emissores de CO2 (dióxido de carbono) do mundo.
Hoje foi revelada mais uma evidência das alterações climáticas. Um estudo apresentado em Paris pela Organização Internacional da Saúde Animal (OIE) concluiu que as alterações climáticas têm uma "incidência notável" na emergência e reaparecimento de doenças animais, algumas transmissíveis ao homem.
As três doenças emergentes mais citadas pelos países membros da OIE são a doença da língua azul, a febre do Vale do Rift e o vírus do Nilo Ocidental.
Segundo o estudo, 71 por cento dos 126 países que participaram "declararam estar extremamente preocupados com o impacto esperado das alterações climáticas nas doenças animais".
Para enfrentar a ameaça, os 174 Estados membros da OIE defenderam o reforço dos meios de comunicação para "prevenir ou reduzir os efeitos das alterações climáticas na produção animal e nas doenças, incluindo as transmissíveis ao homem", segundo um comunicado da OIE.
Fonte: Público/Ecoblogue.
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