Pedro Doria
O governo dos EUA considera que a Coréia do Norte deve fazer um novo teste nuclear nos próximos meses. Estão desafiando, mesmo. Mandando um recado para o mundo: se afaste de nós.
É uma situação delicada – talvez a mais complexa que existe na diplomacia. Ninguém gosta do regime da Coréia do Norte e todos desconfiam do país. Nem os mais bitolados à esquerda a defendem como defendem o Irã, por exemplo. Tampouco os mais rábicos à direita metralham a necessidade de sua invasão imediata. Ponha um pé militar na Coréia do Norte e mísseis serão disparados contra a Coréia do Sul de presto. Má ideia.
A questão que perturba qualquer conversa, no momento, é a saúde do ditador, Kim Jong-Il. Seus filhos são todos muito jovens para assumir o poder. (O favorito é o caçula, Kim Il-Sung, que tem por volta de 25 anos, ninguém sabe ao certo.) Quando provavelmente sofreu um derrame, em agosto passado, Kim Jong-Il alçou ao Conselho de Defesa Nacional seu cunhado, Jang Song-Taek. Ele agora é o número dois do país, provavelmente a pessoa responsável pelo governo quando o líder está mal. E, possivelmente, o futuro regente.
O recado para que todos se afastem tem motivo de ser: a Coréia do Norte está tratando de sua sucessão governamental.
Trata-se de uma ditadura estranha. Não é apenas o país mais misterioso do planeta, onde quase ninguém entra. É uma ditadura cruel com a povo ao qual impõe fome com relativa frequência. Mas o povo corresponde a apenas metade da população. A outra metade dos 24 milhões de habitantes são as ‘elites’, membros do Partido Comunista e suas famílias, funcionários públicos e militares todos, a gente que aparece nos desfiles e que vive uma vida razoavelmente organizada, com apartamento pago e comida na mesa.
(É um país misterioso, por certo – mas já é possível fazer um tour virtual. Curtis Melvin, aluno de doutorado da Universidade Mason University, vem construindo um mapa detalhado do país usando Google Earth e tudo quanto é pequena notícia publicada na imprensa. É um processo de inteligência aberta, inteligência pública. Lá estão campos de prisioneiros, praias da elite, palácios, plataformas de lançamento de mísseis…)
Site:pedrodoria.com.br
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