segunda-feira, 25 de maio de 2009

PROPAGANDA À MODA TALIBÃ.

Pedro Dória

O Council of Foreign Relations tem um novo relatório na praça que mostra que aquele antigo Talibã, meio ignorante das coisas do mundo, circunscrito ao Afeganistão, já não existe mais. O grupo está dando uma surra nos EUA: é capaz de se comunicar melhor, expor seu ponto de vista, dominar a discussão.

Após um ataque norte-americano no Afeganistão ou norte do Paquistão, o Talibã demora menos de meia hora para ter um comunicado oficial sobre número de mortos, feridos e outros detalhes. É a sua versão que chega primeiro à imprensa, e já circula o mundo pela BBC de Londres antes de os EUA terem começado a explorar o tema. Não é só a imprensa em inglês: aquela em Dari e Pashto, as línguas locais, e a em árabe, no Oriente Médio, também pode contar com o Talibã para ter notícias rapidamente. (Imprensa precisa de notícia, algum tipo de notícia, e na pressa, o primeiro a dar informação oficial leva o prêmio. No dia seguinte, nenhum leitor lembra do ’segundo informou o Talibã’, só lembra o número de mortos.)

O grupo opera uma rádio local, distribui centenas de programas para outras rádios, além de fitas cassete, um dos meios típicos aos quais afegãos e paquistaneses do norte, pobres, têm acesso. Para ir além da região, fazem uso da Internet. Nem tudo em sua estratégia é cordial – entregam localmente aquilo que, naquele canto do mundo, chamam de ‘cartas noturnas’, ameaças por escrito depositadas à porta no meio da noite para lembrar quem manda. Os EUA – com um histórico de habilidade em comunicação e propaganda em tempos de guerra – ainda não aprenderam a operar.

Sem justificar seus atos e explicar o que faz, não há chances de vitória neste tipo de guerra.

Nenhum comentário: