quinta-feira, 4 de junho de 2009

O VÔO POR "ENVELOPE".

Copiado do blog do Luis Nassif

Por Álvaro

Esse acidente no voo da Air France deve colocar definitivamente a Air Bus diante da cruz e da espada em relação ao sistema de pilotagem automática por “envelopes”. Envelopes, nesse caso, são certas condições de voo que o avião deve obedecer obrigatoriamente, independentemente da ação dos tripulantes.

Por exemplo: se por alguma razão o nariz do avião apontar para cima com um ângulo superior a um dado limite, os computadores automaticamente nivelam o voo. Teoricamente, além desse limite o ângulo de ataque da asa é tal que há uma perda crítica de sustentação. Então, o computador “força” a barra para preservar as condições de voo. A idéia é que o sistema deve antecipar-se às condições críticas, “fora do envelope de voo”.

Teoricamente, é mais seguro assim, pois o sistema evitaria encrencas. O problema é que o sistema toma a iniciativa das ações de emergência ANTES dos pilotos de carne e osso e, muitas vezes, a ocorrência de uma condição-limite pode ser necessária e deve ser imposta pelos pilotos. Quer dizer, por vezes a tripulação precisa se opor ao sistema e, nessa briga, o avião nem sai da encrenca, nem fica nela: vai para uma encrenca ainda maior. Esse é o dilema do excesso de tecnologia.

Pilotos de Boeing detestam os Air Buses por causa disso. Eles não sentem que têm o controle total do avião. Preferem ter o bicho nas mãos e sob o comando de suas cabeças. Erros humanos acontecem, mas eles são mais reversíveis do que os cometidos pelas máquinas eletrônicas de pensar. Estas, quando erram, sempre vão em frente. Só aprendem depois do desastre. Nós, de carne e osso, temos sempre um filete de dúvida por onde voltar para trás e, assim, aprender antes do desastre.

Nenhum comentário: