Transgênicos ameaçam a saúde.
por Michelle Amaral da Silva última modificação 19/06/2009 16:47
Colaboradores: Silvia Ribeiro
Os médicos afirmam ser necessário “educar seus pacientes, a comunidade médica e ao público para evitar os alimentos geneticamente modificados”
Silvia Ribeiro
A Academia Americana de Medicina Ambiental (AAEM, sigla em inglês), publicou em maio um posicionamento sobre alimentos transgênicos. “Pela saúde e segurança dos consumidores” pedem a criação urgente de uma “moratória aos alimentos geneticamente modificados e a implementação imediata de provas independentes e de longo prazo sobre sua segurança”.
Os médicos afirmam ser necessário “educar seus pacientes, a comunidade médica e ao público para evitar os alimentos geneticamente modificados”; a “considerar o papel dos alimentos transgênicos nas doenças de seus pacientes” e a “documentar as mudanças na saúde dos pacientes quando deixam de consumir transgênicos”. Insta “a seus membros, à comunidade médica e à comunidade científica independente, a compilar estudos potencialmente relacionados com o consumo de transgênicos e seus efeitos sobre a saúde, e a começar uma investigação epidemiológica para examinar o papel dos alimentos transgênicos sobre a saúde humana”.
Uma importante conclusão na qual baseiam sua tomada de posição é que, a partir dos múltiplos exemplos analisados, “há mais que uma relação casual entre alimentos transgênicos e efeitos adversos para a saúde”. Explicam que segundo os critérios do pesquisador Bradford Hill, (amplamente reconhecido academicamente para avaliar estudos epidemiológicos e de laboratório sobre agentes que podem causar riscos a saúde humana) “existe causalidade na força de associação, a consistência, a especificidade, o grau e plausibilidade biológica” entre o consumo de alimentos transgênicos e efeitos adversos à saúde.
Entre os efeitos negativos, comprovados a partir de dezenas de estudos em animais, mencionam “riscos sérios”, como infertilidade, desregulação da imunidade, envelhecimento acelerado, desregulação de genes associados com síntese de colesterol e regulação de insulina, mudanças no fígado, rins, baço e sistema gastrointestinal. Citam, entre outros, um estudo de 2008 com ratos alimentados com milho transgênicos da Monsanto, que vincula a ingestão dessa variedade com diminuição da fertilidade e de peso, além de mostrar alteração da expressão de 400 genes.
A Academia assinala que diante da generalização do consumo de transgênicos, o urgente é realizar estudos epidemiológicos. Isso é altamente relevante no caso do milho, no México. Aqui, essa grão é consumido cotidianamente por toda a população. Naturalmente, os efeitos são muito mais graves e diferentes em casos de consumo alto e frequente, do que nos pontuais.
Uma fonte citada pelo documento da Academia é o extenso livro “Roleta Genética” de Jeffrey Smith, que documenta de forma minuciosa e com centenas de referências científicas, 65 casos de efeitos adversos dos transgênicos sobre a saúde de pessoas e animais, incluindo casos de vacas e ovelhas que morreram na Alemanha e Índia, após se alimentarem rotineiramente com rações transgênicas. Este autor alerta que todos somos cobaias para a indústria biotecnológica – que pode liberar suas sementes e invadir o campo, sem necessidade de provar impactos na saúde humana em nenhuma parte do mundo. Acredita-se que particularmente as crianças e mulheres grávidas corram maiores riscos.
A associação médica faz referência ao recente estudo da Union of Concerned Scientists (UCS), dos Estados Unidos, que analisou por 13 anos cultivos de transgênicos. Os resultados mostraram que eles possuem menor rendimentos e que se houve aumento da produção isso não se deveu aos organismos geneticamente modificados (OGMs), mas sim a manejos de tipo convencional. Ou seja, nem mesmo no quesito produtividade eles trazem alguma vantagem. Cientificamente, não há nada que justifique “o sério risco para a saúde nas áreas de toxicologia, alergia, imunidade, saúde reprodutiva e metabólica, fisiológica e genética". Assim, o sensato é aplicar um princípio rigoroso de precaução, estabelecendo uma moratória total e imediata.
Aos riscos que os transgênicos já trazem consigo, agrega-se o aumento do uso de agrotóxicos e das doenças que ele provoca (estão desenhados para usar ms agroquímicos, novamente não por casualidade, mas sim por causalidade: os fabricantes de transgênicos, Monsanto, Dow, Dupont, Syngenta, Bayer, Basf, são também os maiores fabricantes de venenos agrícolas do planeta).
A armadilha está na inversão de lógica que as transnacionais conseguiram impor: em lugar de etiquetar com uma advertência os alimentos que contêm agrotóxicos e transgênicos, obrigam que se tenha que separar, etiquetar e elevar o preço dos alimentos orgânicos e sãos.
A solidez dos posicionamentos da Academia de Medicina Ambiental contrasta com a gigantesca ignorância do secretario de Agricultura Alberto Cárdenas e outras autoridades governamentais do México e outros países que declaram – sem nenhuma prova disso - que os transgênicos não são um risco para a saúde. Igual om os porcos das Granjas Carroll e outros grandes criadores que criam novos vírus e epidemias Quanta gente terá que adoecer ou o morrer para que deixem de proteger – subsidiar - os lucros das transnacionais que criam doenças?
Existem muitas alternativas para produzir e alimentar-se saudavelmente, que não implicam riscos, mantêm as fontes de sustento para a maior parte da população, cuidam da biodiversidade, afirmam a soberania alimentar e os direitos dos camponeses. Os transgênicos somente criam riqueza para umas poucas transnacionais, ameaçando a saúde de todos.
Silvia Ribeiro é Investigadora do Grupo ETC.
Publicado em La Jornada, México, 6/6/2009
Posição da AAEM (castelhano): www.biodiversidadla.org/Principal/Contenido/Noticias/Alimentos_geneticamente_modificados
Fonte:Brasil de Fato.
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