Sarney sai em defesa do MST contra CPI no Senado.
Em meio ao pedido de instalação de uma CPI para investigar o MST, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), diz que “esse caminho não traz nenhum resultado positivo para a solução do grande problema da distribuição fundiária e da política agrária” no país. “Ao contrário, temos de utilizar o conhecimento e a vivência já longa que o MST tem do problema para avançarmos em sua solução e sair do confronto”, defendeu ele num discurso feito em plenário.
Sarney criticou seus colegas demo-tucanos por seguidamente investigar o MTS. “Teimamos em culpar a febre, em vez de combater a infecção generalizada”, disse ele para em seguida fazer diversos elogios ao trabalho do movimento.
Segundo ele, o MST faz todo um trabalho de educação do homem do campo, de consolidação familiar. A organização é responsável pelo assentamento de 370 mil famílias e 90 mil estão em acampamentos.
“Mais de 400 associações e cooperativas trabalham para produzir sem transgênicos e agrotóxicos, sob sua orientação. Apoia 96 agroindústrias. Viabilizou em torno de 2 mil escolas com 10 mil professores, alcançando 300 mil estudantes. Tem parcerias com pelo menos 50 instituições de ensino, de universidades a escolas agrotécnicas”, prosseguiu.
Para ele, os senadores não podem demonizar e nem criminalizar o movimento. “Se já perdemos a batalha urbana, quando olhamos a paisagem desse mundo da criminalidade e da droga que existe nos subúrbios das grandes cidades, não podemos perder a batalha rural”, disse.
Reforma Agrária
Sarney disse que os senadores precisam evitar o confronto e, para isso, é necessário avançar na reforma agrária. “Toda a Europa fez, ao longo dos anos, de várias maneiras, suas reformas agrárias, sempre levando a um salto de qualidade no que se referia à justiça social. Entretanto, o problema persistiu, e persiste, nos países em desenvolvimento e, infelizmente, nós estamos entre estes”, criticou.
Ele lembrou que quando assumiu a Presidência da República com a morte de Tancredo Neves criou o Ministério da Reforma Agrária. Na agenda de Tancredo o nome da pasta era Ministério Extraordinário para Assuntos Fundiários.
“Eu então, disse: Não. A expressão reforma agrária era maldita; falar em reforma agrária equivalia a falar em subversão da ordem. Então eu disse aos que estavam fazendo essa reforma administrativa, criando esse ministério fundiário: Não. Nós vamos enfrentar o problema e vamos colocar o nome de Ministério da Reformar Agrária, depois juntamos a palavra desenvolvimento.”
Sarney lembrou que os resultados obtidos com o Primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária foram expressivos, mas insuficientes “diante das necessidades dos marginalizados”.
De Brasília,
Iram Alfaia/Site O Vermelho
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