domingo, 27 de setembro de 2009

MUITAS VEZES, HÁ PRESSA EM APRESENTAR OS NOVOS PARCEIROS.

Divorciar? É dramático para os filhos. Mas ficar casado se não se ama pode ser ainda mais. E não investir recursos e energias por parte das instituições políticas e religiosas na família é talvez o perigo mais sério. Maria Rita Parsi è psicóloga, psicoterapeuta, escritora. Define-se católica, mas também feminista. E não tem problemas em promover as palavras pronunciadas nesta sexta-feira, 25, por Bento XVI, nem em se declarar descontente também por aquilo que o Vaticano não faz pela família.

A reportagem é de Flavia Amabile, publicada no jornal La Stampa, 26-09-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Segundo o Pontífice, as famílias ampliadas são um problema.

Quando um casal se separa, é um verdadeiro drama para as crianças. Os pais são a sua bússola. Quando ficam sem, perdem a orientação.

Porém, nesse caso, elas não ficam sem. Os pais existem, mas estão separados. Às vezes, há também uma outra figura masculina ou feminina ao lado dos seus pais.

Tudo depende do comportamento dos pais. Se são inteligentes e sabem viver o fim de um amor com dignidade, pode-se construir um novo equilíbrio sem muitos problemas para os filhos. Se, pelo contrários, os pais não conseguem ter a lucidez necessária e fazem coisas que perturbam a vida dos seus filhos, então podem até prejudicar a saúde mental dessas crianças.

Segundo a senhora, quais erros os pais não devem cometer?

Ter muita pressa de apresentar um novo parceiro ou de inserir outros filhos. Ou deixar que o novo companheiro ou a companheira assumam papéis paternos ou maternos que não lhes pertencem. Nesses casos, e são a maior parte, as preocupações do Pontífice são legítimas e compartilháveis. Porém, há algo que eu não compartilho.

O que seria?

As instituições políticas e religiosas devem fazer muito mais pelas famílias e pelas mulheres. Hoje, não se sabe o que significa ter um filho, educá-lo, fazer com que ele cresça. É preciso formar os futuros pais, isso se chama prevenção, mas isso não é feito. É preciso sustento também por parte dos sacerdotes quando um casal se separa, em vez do juízo negativo que muitas vezes pesa sobre as pessoas. E também gostaria de sentir maior amor e solidariedade pelas mulheres nas palavras do Pontífice.

Existem famílias ampliadas muito felizes. Nem todas são tão perigosas como defende o Papa.

É verdade, mas é um percentual limitado. A tendência hoje é para um família modelo fast-food. Casa-se, tem-se um filho, depois cria-se uma outra família e depois ainda uma outra. É esse modelo que está se afirmando e em relação à qual as palavras do Papa são compartilháveis. Pelo contrário, existem casos de pais que se dão conta de ter feito um erro, se separam e, na segunda ocasião, conseguem criar uma família e, portanto, fazem seus filhos crescer em uma atmosfera de equilíbrio e serenidade.

O Pontífice condena os divórcios, considera-os prejudiciais para os filhos. Mas as famílias onde, sem se separar, também se vive em uma situação de brigas contínuas, de tensão, chantagens, depressões, também são perigosas para as crianças.

É verdade. De fato, os modelos errados de hoje são filhos dos modelos ainda mais errados do passado.
Fonte:IHU

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