domingo, 27 de setembro de 2009

VENEZUELA - Os netbooks venezuelanos.

Copiado do Blog de Alexandre Oliva.

Blongando por Liberdade

Publicado na sexta edição, de setembro de 2009, da Revista Espírito Livre.

No momento em que escrevo estas linhas, estou embarcado numa aeronave, regressando de Caracas, na Venezuela, aonde fui para o encerramento do 5º Congresso Nacional de Software Livre e para o Primeiro Encontro da Fundação Software Livre América Latina. Volto com um sorriso no rosto pois pude dar mais um importante passo em direção à liberdade: uso um computador com especificações Livres, totalmente funcional com Software 100% Livre e à prova de um dos vírus mais perigosos que existem: aquele das janelas, sabe?

O computador portátil é um netbook chamado Yeeloong, com tela de 9" e um super eficiente processador Loongson, um MIPS com suporte a 64 bits desenvolvido pela chinesa Lemote. A arquitetura foi cuidadosamente escolhida por razões de segurança: é uma das menos suscetíveis às distorções de mercado que uma certa empresa de Redmond gosta de cultivar desde bem antes de 95, usando neste Milênio eXtremas Práticas de monopólio, à Vista de todos ou na surdina.

É fácil de entender a escolha: os projetistas não queriam ver seus esforços cooptados pelo império antagônico às liberdades dos usuários. Entendiam que a possibilidade de rodar o sistema monopolista não era vantagem, mas um risco, já materializado e efetivado no OLPC, no Classmate, no EEE PC e tantos outros.

Escolheram com atenção todos os componentes para que funcionassem perfeitamente com Software inteiramente Livre: áudio, vídeo, rede com e sem fio, web cam, tudo rodando redondinho na versão para MIPS da distribuição de GNU/Linux-libre 100% Livre gNewSense.

Mas não pense que a liberdade termina aí! O que num PC x86 se chamaria BIOS, e normalmente seria Software não-Livre gravado em memória não volátil na placa mãe, nesta máquina, aqui na mesinha do avião, também é Livre. Morra de inveja!

E tem mais! A máquina é facilmente desmontável e hackeável. Todos os componentes têm especificações disponíveis sem condições restritivas: é muito mais simples fazer drivers e firmwares Livres quando os fornecedores cooperam, e faz muito mais sentido recomendar um componente de hardware cujo fornecedor ajuda nossas comunidades do que um que esconde segredos e ainda tenta nos dividir e proíbe engenharia reversa.

Pode parecer incrível, mas há ainda mais vantagens. Graças aos esforços de empresários venezuelanos, as especificações do projeto da própria máquina também são Livres. Esses empresários queriam fabricar essas máquinas aqui, na América Latina, com transferência de tecnologia de verdade, e conseguiram: em outubro, a planta de montagem começa a produzir máquinas 100% Livres, 100% funcionais e à prova de corrupção, com tecnologia dominada localmente, com direito a evoluir de maneira independente.

É pra aplaudir ou não é? Agora, sabe o que mais? Estão procurando parceiros no Brasil e noutros países na América Latina, para não só distribuir máquinas fabricadas na pequena planta em finalização na Venezuela, mas para construir outras plantas e transferir a tecnologia para fomentar independência e soberania tecnológicas da América Latina.

Conhece algum empresário interessado? Escreva para mim, que os empresários venezuelanos estão aguardando indicações minhas de empresários locais que acreditem, como eles, em ganhar dinheiro honesta e eticamente, respeitando as liberdades dos clientes e promovendo progresso social e o bem comum.

Copyright 2009 Alexandre Oliva

Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permissão.

http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/livre-afinal

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