O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter (1977-81) disse, em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo, que “não há nenhuma dúvida” de que seu país tenha tido “pleno conhecimento ou possa ter estado envolvido” no fracassado golpe de Estado de 2002 contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Apesar de ter uma visão crítica sobre o governante, ele admite que Chévaz tem motivos, portanto, para criticar os Estados Unidos.
Perto de completar 85 anos, James Earl Carter, ou Jimmy Carter, promove iniciativas dirigidas à defesa dos direitos humanos e ao entendimento entre diferentes povos e nações. Na entrevista ao "El Tiempo", ele afirma que conhece bem Chávez e fala sobre a sua eleição, "compatível com a vontade do povo", rechaçando o rótulo de antidemocrático que tentam fixar no venezuelano.
"Chávez saiu na frente numa eleição hopnesta, com quase 62% dos votos", disse, completando que ele "conseguiu uma transformação necessária na Venezuela, ao deixar que os excluídos tivessem uma participação mais igualitária na riqueza nacional". Ele, contudo, se disse preocupado com o que chamou de uma tendência do governo Chávez "de concentrar o poder político".
Questionado sobre as críticas do venezuelano aos EUA, ele afirmou: "Não há dúvidas de que, em 2002, os EUA tinham conhecimento ou estiveram envolvidos diretamente no golpe. De forma que ele (Chávez) tem uma queixa legítima contra o governo norte-americano". Em abril de 2002, o presidente venezuelano foi derrubado durante 48 horas, até recuperar o poder. Na época, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, desmentiu qualquer envolvimento de seu país neste golpe.
Carter, contudo, ponderou que, agora, os EUA possuem outro presidente e que o próprio Chávez "mudou". Ele defendeu que as relações internacionais ficariam melhores se os ataques aos EUA - que classificou de agora já fortuitos - parassem.
O ex-presidnete disse que tem conversado com o atual governante dos EUA, Barack Obama, e que ele gostaria de estreitar os laços com a Venezuela - "ter relações normais, amistosas, assim como sociais, comerciais e diplomáticas". Carter, contudo, declarou que as críticas de Chávez tornam essa aproximação difícil.
Para ele, os Estados Unidos não prestaram a atenção necessária à região, nem na administração passada ou nessa, "sobretudo quanto às oportunidades que os EUA têm de desempenhar um papel igualitário e de respeito mútuo", disse, afirmando que seu país deveria ser mais incisivo. "E uma das maneiras de fazermos isso seria aumentando nossa participação na OEA (Organização dos Estados Americanos)", afirmou.
Carter avaliou ainda que o acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos "começou mal". Para ele, antes de anunciá-lo publicamente, o presidente colombiano deveria ter explicado melhor a iniciativa. "É natural, devido à ampla história de intervenções americanas na região, supor que este seria um assunto polêmico".
O ex-presidente norte-americano colocou, por fim, que é "gratificante" que o Brasil exerça uma liderança maior na região. "É legítimo", qualificou. "Fico feliz em ver que na próxima reunião do G-20o Brasil estará ali, junto com outras nações importantes do mundo", encerrou.
Com El Tiempo
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