BBC Brasil
Governo interino de Honduras fecha emissoras pró-Zelaya.
Militares hondurenhos em frente à sede da Rádio Globo nesta segunda-feira (AFP)
Rádio Globo é identificada como favorável ao presidente deposto
Forças militares hondurenhas entraram nesta segunda-feira nas instalações da Rádio Globo e da emissora de televisão Canal 36, na capital Tegucigalpa, e obrigaram as duas empresas a encerrarem suas transmissões.
Tanto a Rádio Globo quanto o Canal 36 são identificados como favoráveis ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que está abrigado há uma semana na embaixada brasileira em Tegucigalpa.
De acordo com um funcionário da Rádio Globo ouvido pela emissora de televisão Telesur, militares entraram na sede da rádio por volta de 5h da manhã desta segunda-feira, horário local (8h, horário de Brasília).
Os equipamentos usados para as transmissões das duas emissoras foram levados pelos policiais.
O fechamento das duas empresas acontece um dia depois de o governo interino do país ter decretado um estado de sítio de 45 dias que suspendeu algumas garantias constitucionais.
Também nesta segunda-feira ocorreu uma reunião extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir suas “futuras ações” após uma delegação da organização ter sido impedida de entrar em Honduras pelo governo interino do país no último domingo.
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Durante o encontro, o secretário-geral do órgão, José Miguel Insulza, criticou a suspensão dos direitos constitucionais em Honduras e afirmou que este tipo de medida “vai em direção contrária” ao restabelecimento da normalidade no país.
Ultimato
A crise política em Honduras, que se iniciou com a deposição do presidente eleito, Manuel Zelaya, em 28 de junho, se intensificou com a volta de Zelaya ao país em 21 de setembro.
Desde este dia, o presidente deposto está abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, que permanece cercada por militares hondurenhos.
No último domingo, o governo interino de Honduras afirmou que a embaixada do Brasil em Tegucigalpa poderá perder seu status diplomático caso o país não cumpra o prazo de dez dias para definir a situação do presidente deposto Manuel Zelaya.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, rejeitou o ultimato.
Em entrevista coletiva concedida em Isla Margarita, na Venezuela, onde participou da 2ª Cúpula América do Sul-África, Lula disse que não aceita ultimato de governo "golpista" e que o Brasil não negocia com quem "usurpou o poder".
Também no domingo, o governo interino decretou estado de sítio por 45 dias no país.
Em uma transmissão por cadeia nacional, o governo anunciou que concedeu às Forças Armadas e à polícia poderes para deter "toda pessoa que pôr em perigo sua própria vida e a dos demais" e para desalojar todas as instituições públicas em que estiverem sendo realizados protestos.
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