Por Redação, com Reuters - de Washington/ Cabul
Os EUA fracassarão na guerra contra o Talebã se não dedicarem mais forças e definirem uma nova estratégia para o conflito, disse o comandante das forças norte-americanas e da Otan, num momento em que o governo de Barack Obama enfrenta resistências ao envio de mais tropas.
O general Stanley McChrystal afirmou, numa avaliação confidencial, que é preciso reassumir em curto prazo a iniciativa contra o "impulso insurgente," pois do contrário "derrotar a insurgência (pode) não ser mais possível."
O jornal The Washington Post obteve uma cópia do relatório de 66 páginas, mas publicou no seu site uma versão com alguns trechos omitidos a pedido do governo. Um porta-voz de McChrystal em Cabul confirmou a autenticidade do documento.
A avaliação dele salienta a necessidade de buscar uma "nova estratégia" que inclua um maior envolvimento das forças estrangeiras com a população afegã.
"Recursos inadequados provavelmente resultarão em fracasso. Entretanto, sem uma nova estratégia, a missão não deveria receber recursos," disse o general em seu relatório.
McChrystal ainda não apresentou a Washington seu pedido de reforços, mas algumas autoridades preveem que ele irá incluir 30 mil novos soldados de combate e instrutores. Parte do Partido Democrata, de Obama, se opõe ao envio de mais tropas, e pesquisas mostram que a opinião pública começa a se voltar contra o conflito iniciado há oito anos.
McChrystal disse no relatório que "a situação geral (da guerra) está se deteriorando," e por isso seria necessário uma guinada "revolucionária" na estratégia. "Nosso objetivo deve ser a população. O objetivo é o desejo do povo. Nossa cultura convencional da guerra é parte do problema, os afegãos precisam em última análise derrotar a insurgência."
O general disse que os militantes controlam atualmente partes inteiras do país, embora seja difícil avaliar exatamente quanto, devido à limitada presença das tropas da Otan. Ele também criticou duramente o governo afegão, que teria perdido a confiança da população. "A fraqueza das instituições estatais, as ações malignas dos mediadores do poder, a corrupção generalizada e o abuso de poder por várias autoridades e os próprios erros da Isaf (força da Otan) têm dado aos afegãos poucas razões para apoiar seu governo," escreveu o comandante.
O tenente-coronel Tadd Sholtis, porta-voz de McChrystal, disse que o general não cogita renunciar ao cargo se não tiver reforços, e que manterá seu empenho sob qualquer orientação que receber de Obama.
"A avaliação se baseou na sua compreensão da missão conforme apresentada a ele. Se houver uma mudança de estratégia, aí a peça dos recursos muda."
Neste ano, o contingente dos EUA saltou de 32 mil para 62 mil, e ainda deve crescer em mais 6.000 soldados neste ano. Há também cerca de 40 mil soldados de outros países, principalmente da Otan.
Uma recente pesquisa CNN/Opinion Research mostrou que 58 por cento dos norte-americanos estão contra a guerra, e só 39 por cento a apoiam. Este é o período mais letal para as tropas estrangeiras em oito anos de conflito.
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