Zelaya disse que oferta do governo interino é 'manipulação'
O líder interino de Honduras, Roberto Micheletti, disse na noite de terça-feira que está disposto a dialogar com o presidente deposto do país Manuel Zelaya, desde que ele se comprometa com a realização de eleições marcadas para o fim de novembro. Zelaya continua refugiado na embaixada do Brasil na capital de Honduras, Tegucigalpa.
Em comunicado lido em cadeia nacional de TV, lido pelo ministro do Exterior, Carlos López, Micheletti revelou suas condições para discutir como resolver a crise política no país.
“Estou pronto para conversar com o senhor Zelaya desde que ele reconheça explicitamente as eleições marcadas para o dia 29 de novembro”, diz a nota de Micheletti.
Ele afirmou, entretanto, que a volta de Zelaya ao poder – como querem os negociadores internacionais e o Brasil – não é um objetivo negociável.
Micheletti disse ainda que uma eventual negociação entre Zelaya e o Executivo hondurenho não invalidaria a ordem de prisão emitida por outro Poder – o Judiciário – contra ele.
'Manipulação'
Segundo a agência de notícias EFE, após a divulgação do comunicado dois meios de comunicação pró-Zelaya, o Canal 36 e a rádio Globo, veicularam declarações do presidente deposto.
Zelaya afirmou que o governo interino "não tem vontade política real" de dialogar uma saída para crise, e que a oferta feita publicamente é "uma tentativa de manipulação” da opinião pública.
A declaração de Micheletti foi lida horas depois de o líder interino ter concedido entrevista à BBC Mundo. Nela, Micheletti disse que não pretendia se encontrar pessoalmente com Zelaya, ainda que não fizesse objeção a uma negociação através de mediadores.
“Nós já conhecemos perfeitamente as atitudes do senhor Zelaya. Ele tem sido um homem que não cumpre nenhuma promessa que faz. Ele prometeu mil coisas e não fez”, disse Micheletti à BBC.
“As intenções dele são vir novamente para cá montar uma Assembleia Constituinte, acabar com o Supremo Tribunal de Justiça, acabar com o Congresso Nacional e estabelecer uma ditadura no país.”
Negociações
Enquanto isso, permanecem as tentativas por parte da comunidade internacional de promover uma negociação.
Na terça-feira, o governo brasileiro pediu a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a crise em Honduras.
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Em carta endereçada aos membros do Conselho, a representante permanente do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, afirmou que o governo está preocupado com “a segurança do presidente Zelaya e com a segurança e integridade física da embaixada brasileira e de seus funcionários”.
A medida também se justificaria pela preocupação que o uso de bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes nas proximidades da embaixada causou no governo brasileiro.
A representação brasileira em Tegucigalpa permanece cercada por militares hondurenhos desde o início da manhã desta terça-feira.
Para o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, o retorno de Zelaya a seu país representa uma ''grande oportunidade'' para que se alcance um fim pacífico para o conflito em Honduras.
''A população e as autoridades do governo de facto se deram conta de que após três meses não há um só país que os reconheça'', disse.
Insulza disse que pretendia viajar para Tegucigalpa assim que foi confirmado o regresso de Zelaya, mas foi obrigado a adiar seus planos por conta do toque de recolher decretado pelo governo interino na segunda-feira.
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