CRÔNICA DE SEBASTIÃO NERY
O leitor do “AEPET Direto”, em Casimiro de Abreu, Cláudio Ribeiro, enviou uma crônica do jornalista Sebastião Nery, que segue: “Quando a Petrobrás foi criada, em 1953, era a gata borralheira. Ninguém queria saber dela. As empresas internacionais de petróleo, as famigeradas e criminosas `sete irmãs` (Standard, Esso, Shell, etc), lançaram grande campanha no país para `provarem` que o Brasil não tinha petróleo. Presidente da Petrobrás e mais norte-americano do que a Coca Cola, Juracy Magalhães contratou um ex-geólogo-chefe da Standard Oil, o incrível Mister Walter Link, que produziu o `Ralatório Link` dizendo que o Brasil não tinha petróleo em terra e, se um dia aparecesse, só no mar, sem condições de ser explorado, por falta de tecnologia e dinheiro. Queriam guardar nosso petróleo para quando o deles acabasse.
EPOPEIA: A Petrobrás, costurando com suas próprias linhas, e dinheiro apenas do Brasil, começou a pesquisar, perfurar, descobrir, extrair e refinar sozinha, a partir da Bahia. Uma epopeia de 60 anos, que começou com a campanha do `O Petróleo é Nosso`, iniciada em 1948, e chegou ao “Pré-Sal”.
Na Bahia, no começou da década de 60, logo se formou um grupo de jovens engenheiros, geólogos, paleontólogos, que passaram a procurar petróleo no fundo do mar. E encontraram. Eles, os técnicos brasileiros. Ela, a Petrobrás. E vieram os campos das plataformas da Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, depois Espírito Santo, Campos, Macaé, Santos, Tudo pesquisado, perfurado, descoberto, extraído pela Petrobrás. As empresas internacionais, diante da evidencia, passaram a dizer que a exploração era antieconômica.
“VAMPIRAS”
No governo Fernando Henrique, com petróleo no mar, alta rentabilidade e lucros crescentes nas contas da Petrobras, as “sete canalhas” apareceram para “participar”. A tecnologia da Petrobrás tinha sido aprovada, o petróleo descoberto pela Petrobrás e os campos demarcados também pela Petrobrás. A cama feita, estava na hora de pularem em cima.
As “sete vampiras” promoveram outra forte campanha na “grande imprensa”, sempre aliada de qualquer gringo com dinheiro, desde Pedro Álvares Cabral. E acabaram com o monopólio da Petrobrás. Passaram a faturar, em condições iguais às da Petrobrás, o petróleo já descoberto.
PRÉ-SAL
De repente, estoura o “Pré-Sal”. Também estudado, pesquisado, descoberto,
viabilizado pela Petrobrás. Elas pularam em cima na primeira hora. Exigiam “participar” nas mesmas condições anteriores de “concessão”. O governo, felizmente certo, disse o obvio: - “O Pre-Sal é uma situação diferente, excepcional. É uma riqueza que durará décadas de exploração.
Logo, o sistema vai ser diferente. Não concessão, mas partilha”. Na “concessão”, as empresas estrangeiras exploram em pé de igualdade com a Petrobrás. Na “partilha”, a Petro-Sal comandará o processo em nome da União, a Petrobrás tem garantido um mínimo de 30% na exploração de qualquer campo e a União decide a aplicação do lucro. Esperem a guerra no Congresso e sobretudo na imprensa. Sempre ela. Agora, a gata borralheira virou uma bela prima. E todos eles primos.
Sebastião Nery (jornalista)
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