quinta-feira, 25 de março de 2010

ANOS DE CHUMBO - Esse se diz democrata.

Do blog TIJOLAÇO.

Quem é Bolsonaro para falar em direitos humanos?

Houve um episódio hoje na Câmara que não posso deixar de comentar aqui. O deputado Jair Bolsonaro apresentou um requerimento dando “irrestrito apoio e solidariedade” aos presos políticos cubanos. Mesmo já tendo dito aqui que sou a favor de uma abertura de diálogo que leve ao fim dos impasses naquele país, não podia e não posso votar a favor de algo que estimule esta insana greve de fome que já matou um e ameaça matar outro cidadão, que aliás nem preso é. Mas, pior ainda quando isso é proposto por um apologista da tortura, do assassinato político, um homem que nem respeito aos mortos guarda, como é Bolsonaro, que colou na porta de seu gabinete na Câmara este desprezível cartaz sobre os desaparecidos do Araguaia dizendo que quem procura osso é cachorro.

Eis a transcrição do que disse:

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) – O PDT como vota?
O SR. BRIZOLA NETO (PDT-RJ. Pela ordem. – Sr. Presidente, esse assunto certamente mereceria a atenção da Câmara dos Deputados, mas não aceitamos que seja tratado desta forma, até porque o autor dessa proposição é notadamente um Deputado que nunca defendeu os direitos humanos. Pelo contrário, defendeu um regime de exceção que torturou e matou milhões de brasileiros e tem em seu gabinete um cartaz dizendo que os ossos daqueles que resistiram à ditadura militar no Araguaia é uma questão para ser resolvida pelos cachorros.
A Câmara dos Deputados não pode admitir como séria uma moção que critica os direitos humanos em Cuba e cujo autor é um histórico defensor das violações aos direitos humanos.
O PDT encaminha o voto não.

O Sr. Bolsonaro voltou à tribuna e, sem citar meu nome, para que eu não tivesse direito de responder, veio com historinhas gastas e desprezíveis sobre meu avô e dinheiro de Cuba. Não estava em plenário, e foi bom, para evitar uma reação de indignação. A valentia do sr. Bolsonaro se dá contra pessoas presas, algemadas e, agora, com os mortos. Sou neto também de um militar, Alfredo Daudt, um dos que foi vítima da violência de gente como Bolsonaro. Da noção de direitos humanos dele, basta ver o que diz no pequeno vídeo aí em cima, onde ele fala que o erro da tortura, no regime autoritário, foi apenas o de não ter assassinado quem estava preso e indefeso. Não tenho medo do sr. Bolsonaro e lembro que minhas mãos não estão algemadas.

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