sexta-feira, 26 de março de 2010

O PAPEL DE LULA NO CENÁRIO INTERNACIONAL.



O final do Governo Lula implica, necessariamente, especulações sobre quem vai sucedê-lo. Mas, implica também a seguinte dúvida: qual será o destino de Lula após sua saída da presidência? Hoje, esta pergunta necessariamente passa necessariamente pela geopolítica mundial, devido ao prestígio que o presidente construiu globalmente. Títulos como os de personagem do ano de 2009, concedidos pelo jornal espanhol El País e pelo francês Le Monde; Estadista Global, concedido pelo Fórum Econômico de Davos; 18º pessoa mais influente do mundo, pela revista Newsweek; são algumas das incontestáveis provas do reconhecimento internacional aos méritos de Lula. Somam-se a Copa e as Olimpíadas no Brasil. O nome do presidente já é cotado para cargos da maior importância, como presidente do Banco Mundial e secretário Geral da ONU. De fato, não faz sentido Lula ainda ter pretensões internamente.

Imagino que o presidente continuará sempre ligado às questões políticas brasileiras. Mas, Lula tem todas as condições de pleitear uma carreira mundial que corresponda ao seu tamanho político. Ou teria? Na grande Imprensa tem sido cada vez mais freqüentes observações no sentido de diminuir este suposto prestígio internacional do presidente. Só nas últimas semanas, eu ouvi três vezes a mesmíssima previsão: o comportamento lastimável que o presidente Lula tem desempenhado ultimamente sepultou as chances reais que ele tinha de vencer o Prêmio Nobel da Paz. Este diagnóstico foi feito, recentemente, pelo advogado Ives Granja, em entrevista ao Jô; pelo jornalista João Domingos, do Estado de São Paulo; e pelo jornalista Cristiano Romero, do Valor Econômico, nas últimas edições do Fatos e Versões – que eu tenha visto. Claro que a previsão do início do declínio de Lula sempre vem acompanhada do escudo retórico “claro que o presidente é muito admirado mundialmente, MAS...”

O problema, na visão dos “entendidos”, é que o desempenho internacional de Lula, ainda que espetacular nos últimos 7 anos, está sendo maculado exatamente neste último ano! Vejam vocês, que infortúnio do presidente! Em linhas gerais, Lula tem sido muito criticado pela simpatia a governos ditatoriais de esquerda (como no episódio em que criticou o recurso da greve de fome, utilizado por um dos dissidentes do Governo cubano que veio a falecer); e por estar se “intrometendo” no conflito do Oriente Médio, entre israelenses e palestinos, adotando postura complacente demais diante do Irã, especialmente no que tange tecnologia nuclear. Bom, ninguém com o mínimo de bom senso pode pensar que Lula será a solução para este conflito milenar. Mas, será que é impossível imaginar que o nosso presidente tenha papel relevante na condução das negociações? O porta-voz da Presidência palestina, Mohamed Edwan, afirmou que espera que o presidente Lula seja o próximo secretário-geral da Organização das Nações Unidas. O jornal israelense Ha'aretz classificou o presidente como o “profeta do diálogo”.

A suposta fraqueza de Lula – ser presidente de um país completamente afastado do conflito no Oriente Médio – pode tornar-se o trunfo. Os americanos e europeus não são levados a sério pelos palestinos, principalmente diante do justo argumento de que eles possuem os maiores arsenais nucleares do mundo, suficientes para destruir o planeta várias vezes (e, cá entre nós, pra quê a segunda?). Que moral têm os americanos para impedir o Irã de desenvolver tecnologia nuclear? A verdade é que a previsão do fracasso diplomático do presidente é feita, hoje, pelos mesmos que estão prevendo o fracasso de Lula desde o seu primeiro dia de Governo, não apenas na área diplomática, como na área econômica e na gestão como um todo. E o que aconteceu na realidade? O presidente Lula só fez aumentar seu alcance político, no mundo e nacionalmente. Nada disso impede que os apocalípticos continuem a prever os fracassos do presidente. Será que eles têm razão?





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