Do blog Brasil! Brasil!
Dilma foi apresentada junto com os banners e fotos antigas suas junto com Brizola
Direto de Porto Alegre.
Visivelmente à vontade entre banners gigantes com a figura do líder trabalhista Leonel Brizola, de candidatos do PDT no Rio Grande do Sul e de cartazes com as fotos dos peemedebistas José Fogaça e Germano Rigotto (candidatos, respectivamente, ao governo do Estado e ao Senado e principais adversários na eleição estadual do PT, mas que, no RS, estão aliados ao PDT), a candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, foi ovacionada na tarde desta sexta-feira na sede do PDT gaúcho.
O partido montou uma recepção para não deixar dúvidas sobre a origem trabalhista de Dilma. Junto com os banners, fotos antigas suas junto com Brizola. Na hora da coletiva, as principais lideranças pedetistas presentes, entre elas o candidato a vice na chapa de Fogaça, o deputado federal Pompeo de Mattos, se espremem ao lado de Dilma. Saem em todas as fotos e imagens para a TV.
Na hora dos discursos, nova homenagem: a execução do Hino da Legalidade, episódio que marcou o governo de Brizola no Rio Grande do Sul e a história do país. Em seguida, no microfone, o presidente estadual dos pedetistas, Romildo Bolzan Júnior: "Dilma, tu estás em casa. És uma gaúcha, uma mineira, mas, principalmente, uma brasileira que vem das hostes trabalhistas". O PDT, que perdeu Dilma para o PT em 2001, não quer esquecer que a candidata ajudou a fundar o partido.
Na sequência, Bolzan dá uma explicação para o posicionamento do PDT no Estado. Apesar de durante todo o ano passado a sigla ter flertado com o PT, acabou optando por aliar-se ao PMDB na eleição estadual. Na decisão pesou, e muito, o fato de, com a saída de Fogaça da prefeitura para disputar o governo, ter sido alçado ao cargo o pedetista José Fortunati. A explicação trabalhista é um pouco diferente.
"Nosso posicionamento aqui no Estado é importante porque é fator inibidor do crescimento do adversário na eleição nacional", assegura Bolzan. Dilma sorri.
O ex-governador Alceu Collares (PDT), que lidera uma dissidência de seu partido a favor do petista Tarso Genro na eleição para o governo, faz questão de comparecer e subir ao palco das autoridades principais, mas não ganha direito a cadeira. Quando é nominado pelo mestre de cerimônias, as vaias se misturam aos aplausos no auditório lotado. O mesmo acontece com o ex-governador Olívio Dutra (PT), um dos poucos petistas que insistiu em comparecer ao ato mesmo que o PDT tivesse dado publicidade ao fato de que integrantes do PT gaúcho não seriam exatamente bem vindos.
Nenhuma das rusgas regionais, no entanto, parece abalar Dilma na tarde desta sexta-feira. Bem humorada, ela se demora nas respostas à imprensa. Não quer falar sobre a expectativa a respeito das três pesquisas com as intenções de voto para a presidência da República que devem sair nos próximos dias medindo, também, o desempenho dos candidatos no Rio Grande do Sul (além dos levantamentos do Datafolha e do Vox Populi, o Instituto Methodus registrou pesquisa). Admite que a vitória no Estado (onde alcançou o adversário tucano José Serra na última pesquisa divulgada pelo Ibope) é importante, e emenda, em uma afirmação digna de época eleitoral: "Não é porque eu sou daqui. É também, mas é mais porque tenho certeza de que contribuí muito para focar investimentos no Estado".
Quando lhe perguntam se existe a possibilidade de subir no palanque de José Fogaça (o PMDB gaúcho oficializou posição de neutralidade na disputa presidencial mas, na manhã desta sexta-feira, Dilma recebeu, em outro ato em Porto Alegre, e pela primeira vez em público, apoio de prefeitos do partido), a ex-ministra responde com outra pergunta: "Ele vai subir no meu?". Os jornalistas riem. "Não estou fazendo piada. Estou dizendo isso porque a nossa decisão é apoiar todos os candidatos que nos apoiam. Eu subi no palanque de quem me apoia do Oiapoque ao Chuí e isso o partido (o PT) no Brasil inteiro sabe".
Dilma não diz, mas uma possível vitória sobre Serra no Rio Grande do Sul, onde está grande parte de sua trajetória política, é vista internamente como uma forma de demonstrar que a candidata tem "luz própria" e não depende da tutela do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula perdeu a eleição passada nos dois turnos para Geraldo Alckmin (PSDB) no Estado, que, até o levantamento do Ibope, era apontado como um dos redutos serristas mais fortes.
O PT aguarda as próximas pesquisas para ter certeza sobre a "tendência". Colado em Dilma no auditório lotado de pedetistas, o presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, desconversa quando perguntam se sua expectativa é ganhar no Rio Grande do Sul. "Ganhar é sempre bom". "E vocês vão priorizar a agenda em São Paulo, Santa Catarina e Paraná, onde Serra continua à frente?" "Vamos priorizar em todo o Brasil, mas o Sul e o Sudeste têm 70% do eleitorado".
Entre petistas, pedetistas e peemedebistas gaúchos já há quem tenha certeza de que Dilma ganha no primeiro turno. A ex-ministra, conhecedora de números e estatísticas, prefere não arriscar. "Por mais que as pesquisas nos sorriam, desçamos do salto alto. A eleição é no dia 3 de outubro".
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