Uma nova onda no fim da linha
Carlos Chagas
Neste começo de Século XXI, cresce uma nova onda no planeta, com muitas probabilidades de inundar não apenas a Europa: protestam as populações sempre sacrificadas pela incúria e a ambição das minorias privilegiadas. Só neste fim de semana foram 200 mil nas ruas de Madri e outras cidades da Espanha, mais 100 mil em Atenas, para não falar de 20 mil em Paris. E mais a presença permanente de grupos organizados em Lisboa, Dublin e outras capitais. As manifestações são pacíficas, mesmo diante da truculência do aparato policial designado para contêlas.
A razão é uma só: o povo e especialmente os jovens insurgem-se contra as soluções anunciadas e até adotadas pelos respectivos governos para conter a crise econômica gerada por suas elites. Aumento de impostos, redução de salários, desemprego em massa, desconstrução da previdência social pública e extinção de investimentos sociais em saúde e educação.
No reverso da medalha, bilhões de euros canalizados pelos países ricos aos países em dificuldades, dos quais nem um centavo chega aos destinatários. São empréstimos virtuais que ficam na origem para saldar dívidas e fazer lastro, servindo também para remunerar especulações financeiras e encher os cofres dos mesmos de sempre, aqueles que fingem emprestar e enriquecem com os juros pagos pelos que fingem receber e empobrecem mais ainda.
Essa formula imperou durante o Século XX e os anteriores com pouca reação dos explorados, a não ser eventuais revoltas e muitas tentativas de mudar a situação através das urnas. Todas geraram apenas frustrações. As revoluções populares transformaram-se em ditaduras que privilegiavam minorias, às custas das massas. Os líderes e partidos porventura eleitos para mudar democraticamente a situação acabaram, sem exceção, aderindo à receita dos poderosos. Ai estão os exemplos da social-democracia e até de partidos socialistas cooptados pelas elites, para não falar de trabalhistas.
Chegaram ao fim da linha os explorados, aqueles que pagam as contas. Demonstram que a hora é de ganhar as ruas com os gritos de “basta!” e de “fora!”. É bom que nos preparemos todos.
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