A disputa pela prefeitura de São Paulo já começou e terá influência direta na sucessão presidencial, através de Lula e Serra.
Carlos Newton
O número de pré-candidatos é impressionante. Somente no PT, por exemplo, existem três nomes. O ministro Aloizio Mercadante e a senadora Marta Suplicy querem a indicação pelo PT, mas tudo depende de Lula, que insiste em lançar o ministro Fernando Haddad. Embriagado pelo poder e pela demonstração de força com a eleição de Dilma Rousseff, o ex-presidente sonha em repetir a dose com Haddad. Pode ter uma grande decepção.
Haddad é diferente de Dilma Rousseff, que já vinha comandando o governo federal há 5 anos e era uma candidata leve. O ministro da Educação, pelo contrário, nos últimos meses se transformou numa mala muito pesada de carregar. Pelas decisões estapafúrdias que tem tomado no MEC (tipo prova do ENEM, cartilha gay, erros de português e aritmética em livros oficiais), é um desastre completo como homem público, além de nunca ter disputado eleição. Se Haddad ganhar, Lula se reforça para 2014, mas se perder, quebra-se o encanto de sua liderança inatingível.
Os adversários são fortes. Um dos candidatos já definidos é o vice-governador Guilherme Afif Domingos, pelo novo PSD. Mas o prefeito Gilberto Kassab precisa apressar o registro do partido na Justiça Eleitoral, e o prazo termina em outubro, porque os novos partidos só podem concorrer nas eleições se estiverem registrados no TSE até um ano antes do pleito.
Para Kassab e Afif, que são uma espécie de irmãos siameses na política, o novo PSD precisa continuar controlando a Prefeitura da capital, que tem o terceiro maior orçamento do país, inferior apenas aos orçamentos da União e do governo paulista. Além disso, a cidade concentra um terço dos 30 milhões de eleitores no Estado, e Kassab quer sair candidato ao governo de São Paulo.
Já o PCdoB está animado com as possibilidades do vereador Netinho de Paula, que quase se elegeu senador na última eleição e com certeza tem chances, em função do grande número de candidatos, que levariam a decisão para um mais do que provável segundo turno.
Uma grande dúvida é saber quem será o candidato tucano, e nesse caso a disputa da prefeitura tem relação direta com a sucessão presidencial. Serra só não será candidato se não quiser. O governador Geraldo Alckmin dá a maior força à candidatura de Serra, alegando que pretende tentar a reeleição para o governo paulista, quando na verdade por estar mirando em uma nova candidatura à Presidência. Mas Serra não é bobo e está recusando a candidatura a prefeito, porque quer pela terceira vez o Palácio do Planalto. Na reserva de Serra, o PSDB dispõe de outros nomes, como o senador Aluizio Nunes Ferreira e o secretário estadual José Aníbal. Ninguém sabe o que vai acontecer.
Lula sonha que os partidos da base aliada apoiem Fernando Haddad, mas essa possibilidade não existe. Além do PCdoB, que quer lançar Netinho de Paula, o PMDB já decidiu que terá candidato próprio. Deve ser o deputado Gabriel Chalita, que tem apoio do vice-presidente Michel Temer. O presidente da FIESP, Paulo Skaf, que deixou o PSB e entrou no PMDB, diz que será candidato a governador, mas é um brincalhão, que apenas gosta de notoriedade.
Quem também gosta de um holofote é o publicitário e apresentador de TV Roberto Justus, que adora imitar o empresário e apresentador americano Donald Trump. Lá na nossa Matrix, Trump se ofereceu para ser candidato à Casa Branca, e aqui na Filial, Justus logo se lançou a prefeito pelo DEM. É outro brincalhão.
Por fim, Celso Russomano quer ser candidato pelo PP, mas não deve conseguir, porque o dono do partido, Paulo Maluf, fez acordo para que o PP participe do governo Alckmin, com a condição de apoiar o candidato tucano à prefeitura, e não vai romper o trato. Mas quem pode confiar em Maluf?
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