Recordando Henfil: deu no NYT, então é verdade
Na batalha, agora, o mais urgente é a revogação da Lei da Anistia...
A matéria do jornalão de Tio Sam expressa bem como demoramos a enfrentar essa questão da tortura e dos crimes da ditadura. Enfrentamos num ritmo muito mais lento do que o dos demais países do continente que também viveram sob regimes de força nas décadas de 70 e 80. A nossa Comissão da Verdade está em funcionamento. Um tanto quanto em marcha lenta. Vamos ver.
Como destaca o NYT, o funcionamento da Comissão da Verdade avivou, repôs na ordem do dia, detalhes das sessões de tortura. Tanto as sofridas pela presidenta da República, quanto as enfrentadas pelas demais vítimas.
Nada de sessões secretas da comissão
Realmente, e muito em função da cobertura e das investigações da imprensa, com a Comissão trabalhando ampliaram-se muito as informações sobre os abusos do regime militar. Daí que sessões secretas da Comissão Nacional da Verdade, por favor, nem pensar!
O NYT registra que a presidenta Dilma, na extrema cautela adotada ao falar - ou melhor, quase não falar - sobre aqueles seus anos de prisão e horrores, usou uma única e mais contundente frase sobre seus sentimentos em relação aos torturadores: "Nem ódio, tampouco perdão".
O jornal lembra que as investigações já levantaram muitos detalhes sobre as diversas vítimas e seus algozes, inclusive os nomes dos torturadores da presidenta Dilma, dentre os quais o oficial hoje da reserva Maurício Lopes Lima.
Maurício foi um dos primeiros alvos de um "esculacho", promovido pelo Movimento Levante Jovem Popular, aqueles protestos que com pichações e buzinaços em frente às suas residências, empresas ou locais de trabalho que tiram do anonimato os antigos militares torturadores e/ou assassinos.
NYT refaz a ação política de Dilma Rousseff na ditadura
O jornalão novaiorquino historia a atuação política da presidenta na resistência à ditadura nos anos 70. E lembra que desde que foi eleita (outubro de 2010) ela se recusa a posar de vítima. Foi à luta mais uma vez, agora trabalhando para aprovar a Comissão da Verdade, instrumento que encontrou para aumentar a transparência em relação aos anos da ditadura no Brasil.
O interesse dos brasileiros pela tortura infringida à sua presidenta e o acompanhamento dos trabalhos da Comissão, assinala o NYT, registram-se mesmo em meio à delicada relação que o nosso país tem com seu recente passado autoritário. É provocado também, diz o jornal, pela grande popularidade da presidenta, que mesmo com a desaceleração da economia, tem 77% de aprovação e apoio populares.
Detalhes das sessões de tortura infringidas à presidenta só vieram a público em junho passado, e não por revelações dela, mas pelo levantamento de seus depoimentos à Justiça Miltiar à época em que foi presa. Só através deles se soube que ela foi torturada também em Juiz de Fora, além de no Rio e em São Paulo - como já se sabia -, e de como era a tortura: sessões de palmatória, pau de arara e espancamentos.
Rever a Lei da Anistia já!
Ao final, o NYT compara a trajetória da presidenta brasileira à da ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, e a do presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, também ex-militantes de esquerda que combateram regimes totalitários em seus países na década de 70 (o pai de Bachelet, um brigadeiro, foi assassinado em 1973 por dois coronéis na ditadura, presos há duas semanas).
Até prendermos criminosos que agiram na ditadura nós ainda temos um longo caminho a percorrer, com muitos entraves a serem transpostos. O principal deles - e mais urgente - é a revisão da Lei da Anistia recíproca, que beneficiou igualmente torturadores e assassinos e suas vítimas. Nós chegaremos lá. Inevitável. Virá pelo Congresso Nacional, por um plebistcito ou por uma consulta popular.
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Bem criteriosa a análise feita pelo New York Times em matéria neste sábado, sobre o comportamento discreto seguido pela presidenta Dilma Rousseff a respeito das várias sessões de tortura que sofreu em Juiz de fora, Rio e São Paulo durante a ditadura. O jornal analisa, também, como os brasileiros a acompanham nessa sua discrição e aos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade nestes dois meses de seu funcionamento.
A matéria do jornalão de Tio Sam expressa bem como demoramos a enfrentar essa questão da tortura e dos crimes da ditadura. Enfrentamos num ritmo muito mais lento do que o dos demais países do continente que também viveram sob regimes de força nas décadas de 70 e 80. A nossa Comissão da Verdade está em funcionamento. Um tanto quanto em marcha lenta. Vamos ver.
Como destaca o NYT, o funcionamento da Comissão da Verdade avivou, repôs na ordem do dia, detalhes das sessões de tortura. Tanto as sofridas pela presidenta da República, quanto as enfrentadas pelas demais vítimas.
Nada de sessões secretas da comissão
Realmente, e muito em função da cobertura e das investigações da imprensa, com a Comissão trabalhando ampliaram-se muito as informações sobre os abusos do regime militar. Daí que sessões secretas da Comissão Nacional da Verdade, por favor, nem pensar!
O NYT registra que a presidenta Dilma, na extrema cautela adotada ao falar - ou melhor, quase não falar - sobre aqueles seus anos de prisão e horrores, usou uma única e mais contundente frase sobre seus sentimentos em relação aos torturadores: "Nem ódio, tampouco perdão".
O jornal lembra que as investigações já levantaram muitos detalhes sobre as diversas vítimas e seus algozes, inclusive os nomes dos torturadores da presidenta Dilma, dentre os quais o oficial hoje da reserva Maurício Lopes Lima.
Maurício foi um dos primeiros alvos de um "esculacho", promovido pelo Movimento Levante Jovem Popular, aqueles protestos que com pichações e buzinaços em frente às suas residências, empresas ou locais de trabalho que tiram do anonimato os antigos militares torturadores e/ou assassinos.
NYT refaz a ação política de Dilma Rousseff na ditadura
O jornalão novaiorquino historia a atuação política da presidenta na resistência à ditadura nos anos 70. E lembra que desde que foi eleita (outubro de 2010) ela se recusa a posar de vítima. Foi à luta mais uma vez, agora trabalhando para aprovar a Comissão da Verdade, instrumento que encontrou para aumentar a transparência em relação aos anos da ditadura no Brasil.
O interesse dos brasileiros pela tortura infringida à sua presidenta e o acompanhamento dos trabalhos da Comissão, assinala o NYT, registram-se mesmo em meio à delicada relação que o nosso país tem com seu recente passado autoritário. É provocado também, diz o jornal, pela grande popularidade da presidenta, que mesmo com a desaceleração da economia, tem 77% de aprovação e apoio populares.
Detalhes das sessões de tortura infringidas à presidenta só vieram a público em junho passado, e não por revelações dela, mas pelo levantamento de seus depoimentos à Justiça Miltiar à época em que foi presa. Só através deles se soube que ela foi torturada também em Juiz de Fora, além de no Rio e em São Paulo - como já se sabia -, e de como era a tortura: sessões de palmatória, pau de arara e espancamentos.
Rever a Lei da Anistia já!
Ao final, o NYT compara a trajetória da presidenta brasileira à da ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, e a do presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, também ex-militantes de esquerda que combateram regimes totalitários em seus países na década de 70 (o pai de Bachelet, um brigadeiro, foi assassinado em 1973 por dois coronéis na ditadura, presos há duas semanas).
Até prendermos criminosos que agiram na ditadura nós ainda temos um longo caminho a percorrer, com muitos entraves a serem transpostos. O principal deles - e mais urgente - é a revisão da Lei da Anistia recíproca, que beneficiou igualmente torturadores e assassinos e suas vítimas. Nós chegaremos lá. Inevitável. Virá pelo Congresso Nacional, por um plebistcito ou por uma consulta popular.
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Nenhum comentário:
Postar um comentário