terça-feira, 14 de agosto de 2012

MÍDIA - "O Globo", sempre êle.


Jornalão dos Marinho:
 
leia com cuidado
   
Ou, de como mostrar o país do ângulo dos especuladores...
 
ImageQuem lê o jornalão dos Marinho precisa fazê-lo com muita atenção para não ficar com uma versão muito parcial – e enganadora – dos fatos. Vejam o título da reportagem com chamada de capa da edição de O Globo de domingo (12.8): "Dinheiro de estrangeiro sai do país". Dá a entender que as contas do país não vão bem. Inclusive com um destaque, agora já na parte interna do jornal, de um “estrategista-chefe” de investimento da empresa gestora do Banco de Nova York, criticando a “mudança de regra” quando o Banco Centro passou a intervir no câmbio, o que teria contribuído para afugentar os tais dos investidores externos.

O que esperava o “estrategista-chefe” do banco norte-americano? Que o governo ficasse assistindo impassível ao esfacelamento da indústria brasileira, para que os especuladores globais continuassem lucrando alto aqui?

É isso. No final das contas fica claro que o que está saindo ou deixando de vir para o país é o capital especulativo. Os juros caíram e o governo tomou medidas para controlar a entrada de capitais. O Investimento Estrangeiro Direto (IDE) e o crédito estão dentro do razoável, levando-se em conta a crise de crédito na Europa e no mundo. Nada que afete nossas contas externas, como os números comprovam.

Mas o jornal dos Marinho tem que fazer oposição ao Brasil, não apenas ao governo Dilma. Para eles, parece que o país não pode dar certo, se não o PT fica com os louros... Leiam o que segue e vejam se não é disso que se trata.

Especuladores deixam Brasil rumo ao México e à Turquia

A matéria afirma que, com o PIB brasileiro fraco e as intervenções do governo na economia para fazer frente à crise global os investimentos estrangeiros na Bolsa e em títulos públicos e de empresas privadas caíram 40% este ano (se comparados com 2011), recuando US$ 5 bi. Os recursos migram para o México e a Turquia, de acordo com O Globo.

Só no final do texto, que ocupa uma página inteira, aparece a informação importante: apesar da queda em alguns fluxos, as contas externas do país estão em situação tranquila por causa do IED, destinado à atividade produtiva, diz o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha.

Apesar de ter havido queda na entrada desses recursos no Brasil, de 8,5%, quando se compara os primeiros semestre deste ano com o ano passado, no BC a avaliação é que muitas das mudanças no fluxo de entrada de divisas no país são fruto da vontade do próprio governo, que mudou a legislação, justamente com o objetivo de diminuir a entrada do capital especulativo e favorecer o IED. “Não há nenhum relato de empresas sem acesso ao mercado internacional”, garante Fernando Rocha.

A entrada de Investimento Estrangeiro Direto por enquanto foi de US$ 29,7 bi. No entanto, há fontes do mercado que dizem que o volume até o final do ano de IED pode superar a expectativa do BC, de US$ 50 bilhões.

Com a crise no tamanho em que está, não dá para ninguém dizer que está tudo bem. Por isso o governo afirma que a atração de recursos externos está longe de ser tranquila. Mas não se compara com a que o país viveu há quatro anos, quando a crise internacional imobilizou o mercado mundial e estancou os financiamentos para empresa.

De acordo com fontes da equipe econômica, as companhias instaladas no país se capitalizaram e fizeram uma programação mais conservadora, que lhes deu mais autonomia em relação aos capitais internacionais.

Mas, voltando ao ânimo dos Marinho em relação ao Brasil e à fuga do capital especulativo, o pior é que a informação não reflete o que acontece com os investidores externos em seu conjunto. Basta ler outra reportagem, esta publicada hoje (13.8) no Valor – que por sinal pertence em 50% também à família Marinho – que tem o título apontando na direção inversa do que diz O Globo: “Brasil volta a atrair gestores globais”

No entanto,direção inversa do que afirmou O Globo de domingo, que ressaltou a fuga do capital especulativo do país no primeiro semestre,  reportagem do jornal Valor Econômico desta segunda (13.8) mostra exatamente o contrário, que os investidores, mesmo do chamado “capital de risco”, principalmente ações na Bolsa, estão vendo com bons olhos as chances de crescimento do país neste segundo semestre e, em consequência, de seus investimentos.

Ao contrário do que dizem as fontes ouvidas por O Globo, as da reportagem do Valor dizem que os gestores de ações de mercados emergentes globais estão mais otimistas com o Brasil e que “o país recebeu a terceira maior alocação dos fundos de ações entre os emergentes - US$ 1,829 bilhão no ano, até 8 de agosto, atrás da China e Coreia do Sul, segundo dados da consultoria EPFR Global”.

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