POR MARINA DIAS
Às 12h50 desta segunda-feira (27), a senadora Marta Suplicy chegava em um Sonata prata, de vidros escuros, para um almoço com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dez meses antes, no mesmo Instituto Lula, região sudeste de São Paulo, o ex-presidente pedia que ela deixasse de concorrer à Prefeitura da capital paulista em favor de Fernando Haddad, seu afilhado político.
Desde então, a senadora fechou-se em copas, afastou-se dos principais dirigentes do PT paulistano e pouco – ou nada – falou com Lula. "Fazia tempo que eu não conversava com o presidente. Foi uma conversa muito boa", disse Marta ao sair do almoço regado a peixe grelhado, legumes no vapor, arroz e feijão, os dois últimos indispensáveis nas refeições do ex-presidente.
Marta se reuniu com Lula para fechar sua participação na campanha de Haddad. Desde que foi lançado candidato oficialmente, no início de junho, o ex-ministro da Educação nunca contou com a presença da senadora em seus eventos, magoada por ter sido preterida pelo partido para disputar as eleições municipais.
E mesmo após as conversas com a presidente Dilma sobre a campanha, na semana passada, e dos acertos finais com Lula em relação a Haddad, Marta, até o fim da tarde desta segunda, ainda não havia entrado em contato com ninguém da coordenação de campanha, nem mesmo com o candidato. E não fará isso tão cedo. "É muito dela, uma atitude à la Marta. Ela preferiu acertar com Lula primeiro", diz um dos caciques petistas.
A senadora gravará para o programa de TV e rádio de Haddad e participará de comícios e agendas de rua. Mas será o próprio ex-presidente quem fará a ponte com o marqueteiro João Santana, responsável pela campanha do PT, para marcar as datas e fechar a agenda com a coordenação. Marta deve iniciar as gravações já nas próximas semanas.
Lula quer a senadora, que já foi prefeita de São Paulo, "apresentando" Haddad aos eleitores paulistanos, principalmente aos da periferia, onde o PT vem perdendo votos para o candidato do PRB, Celso Russomanno. "Haddad vai fazer sua parte e a hora que eu for importante e puder ajudar, vou entrar. Acho que agora é a hora", disse a senadora