Para defender Roberto Jefferson, ex-deputado federal e atual presidente do PTB, autor da denúncia sobre a compra de votos em 2005, o advogado Luiz Francisco Barbosa negou nesta segunda-feira a existência do mensalão.
No oitavo dia do julgamento do processo no STF, a defesa de Jefferson partiu para o ataque contra o procurador-geral Roberto Gurgel, que chamou de omisso, e acusou o ex-presidente Lula de ser o mandante de um crime que nega ter acontecido.
Parecia o samba do causídico atormentado. Ao fazer a defesa do seu cliente, acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, o advogado assumiu o papel de promotor para denunciar Gurgel e atacar Lula, que nem faz parte do processo.
Primeiro, como já havia anunciado à imprensa, Barbosa cuidou de mostrar que Jefferson de fato recebeu R$4 milhões do PT, dos R$ 20 milhões que teriam sido acertados pelos dois partidos, em 2004, para cobrir despesas do PTB na campanha municipal daquele ano _ e não para votar em projetos de interesse do governo, como consta da acusação oferecida pelo procurador-geral, a partir da denúncia original feita pelo próprio presidente do PTB em entrevista à "Folha".
"O dinheiro referia-se à eleição municipal de 2004. Não tem nada a ver com apoio ao governo federal", garantiu o defensor de Jefferson, lembrando que a ajuda financeira entre partidos é autorizada pela legislação eleitoral . Ou seja, repetiu a mesma tese dos outros 26 advogados que se apresentaram antes dele.
"Alerto a imprensa que a prova não permite condenações. Vamos ter um festival de absolvições. Digam ao povo que foi coisa do procurador-geral da República, que não fez o seu trabalho", advrertiu o advogado de Roberto Jefferson ao desqualificar a acusação. "Que ele ofereça denúncia contra o ex-presidente da República, que foi o mandante de tudo isso".
Dirigindo-se mais aos jornalistas do que aos ministros, logo em seguida Barbosa, como um franco-atirador, passou a mirar no ex-presidente Lula, que no início desta história, sete anos atrás, era defendido e inocentado por Roberto Jefferson.
"O ministro Marco Aurélio usou para o presidente Lula a expressão carioca `é safo´. É doutor honoris causa em universidades brasileiras e de fora do país. Mas é um pateta? Não, é safo. Não só sabia como ordenou o desencadeamento de tudo isso que essa ação penal escrutina. Sim, ele ordenou".
Na tela da TV Justiça, o citado ministro Marco Aurélio Mello permitiu-se abrir um discreto sorriso. Naquela que foi a mais dura intervenção de um advogado falando na tribuna do STF até aqui, o discurso de Luiz Francisco Barbosa lembrou como "tudo isso" começou.
Segundo a versão da defesa, após Jefferson denunciar a existência do mensalão ao ex-presidente Lula, a Casa Civil, então chefiada por José Dirceu, teria mobilizado agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para flagrar Maurício Marinho, diretor dos Correios indicado na cota do PTB, ao embolsar a módica propina de R$ 3 mil.
Em outra versão, mais recente, o vídeo do flagrante teria sido produzido e oferecido à revista "Veja" pelo grupo de arapongas do hoje famoso Carlinhos Cachoeira, interessado em tomar das mãos de Roberto Jefferson os cargos que ele tinha nos Correios.
Vingança, interesses contrariados, disputa de poder? A cada dia vai ficando mais claro nesta inverossímel trama, envolvendo tantos personagens, que o que menos importa é a defesa da moralidade pública, tão apregoada pelos que exigem cegamente a condenação de todos os réus, independentemente do que está nos autos, numa interminável disputa política e midiática levada para dentro do tribunal.
Só assim dá para entender como, em sua defesa, o criador do "escândalo do mensalão" negou a existência do próprio mensalão.
Blog R7 - Ricardo Kotscho
No oitavo dia do julgamento do processo no STF, a defesa de Jefferson partiu para o ataque contra o procurador-geral Roberto Gurgel, que chamou de omisso, e acusou o ex-presidente Lula de ser o mandante de um crime que nega ter acontecido.
Parecia o samba do causídico atormentado. Ao fazer a defesa do seu cliente, acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, o advogado assumiu o papel de promotor para denunciar Gurgel e atacar Lula, que nem faz parte do processo.
Primeiro, como já havia anunciado à imprensa, Barbosa cuidou de mostrar que Jefferson de fato recebeu R$4 milhões do PT, dos R$ 20 milhões que teriam sido acertados pelos dois partidos, em 2004, para cobrir despesas do PTB na campanha municipal daquele ano _ e não para votar em projetos de interesse do governo, como consta da acusação oferecida pelo procurador-geral, a partir da denúncia original feita pelo próprio presidente do PTB em entrevista à "Folha".
"O dinheiro referia-se à eleição municipal de 2004. Não tem nada a ver com apoio ao governo federal", garantiu o defensor de Jefferson, lembrando que a ajuda financeira entre partidos é autorizada pela legislação eleitoral . Ou seja, repetiu a mesma tese dos outros 26 advogados que se apresentaram antes dele.
"Alerto a imprensa que a prova não permite condenações. Vamos ter um festival de absolvições. Digam ao povo que foi coisa do procurador-geral da República, que não fez o seu trabalho", advrertiu o advogado de Roberto Jefferson ao desqualificar a acusação. "Que ele ofereça denúncia contra o ex-presidente da República, que foi o mandante de tudo isso".
Dirigindo-se mais aos jornalistas do que aos ministros, logo em seguida Barbosa, como um franco-atirador, passou a mirar no ex-presidente Lula, que no início desta história, sete anos atrás, era defendido e inocentado por Roberto Jefferson.
"O ministro Marco Aurélio usou para o presidente Lula a expressão carioca `é safo´. É doutor honoris causa em universidades brasileiras e de fora do país. Mas é um pateta? Não, é safo. Não só sabia como ordenou o desencadeamento de tudo isso que essa ação penal escrutina. Sim, ele ordenou".
Na tela da TV Justiça, o citado ministro Marco Aurélio Mello permitiu-se abrir um discreto sorriso. Naquela que foi a mais dura intervenção de um advogado falando na tribuna do STF até aqui, o discurso de Luiz Francisco Barbosa lembrou como "tudo isso" começou.
Segundo a versão da defesa, após Jefferson denunciar a existência do mensalão ao ex-presidente Lula, a Casa Civil, então chefiada por José Dirceu, teria mobilizado agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para flagrar Maurício Marinho, diretor dos Correios indicado na cota do PTB, ao embolsar a módica propina de R$ 3 mil.
Em outra versão, mais recente, o vídeo do flagrante teria sido produzido e oferecido à revista "Veja" pelo grupo de arapongas do hoje famoso Carlinhos Cachoeira, interessado em tomar das mãos de Roberto Jefferson os cargos que ele tinha nos Correios.
Vingança, interesses contrariados, disputa de poder? A cada dia vai ficando mais claro nesta inverossímel trama, envolvendo tantos personagens, que o que menos importa é a defesa da moralidade pública, tão apregoada pelos que exigem cegamente a condenação de todos os réus, independentemente do que está nos autos, numa interminável disputa política e midiática levada para dentro do tribunal.
Só assim dá para entender como, em sua defesa, o criador do "escândalo do mensalão" negou a existência do próprio mensalão.
Blog R7 - Ricardo Kotscho
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