POR MARINA DIAS
A estratégia da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo é clara: aproveitar a propaganda eleitoral no rádio e na TV, com início nesta terça-feira (21), para aproximar a imagem do candidato petista à do ex-presidente Lula e à da presidente Dilma Rousseff.
Como padrinho político de Haddad, Lula acompanhará o candidato em agendas já nesta semana, em jantares na quarta e na sexta-feira, e será figura garantida nos programas do horário eleitoral gratuito.
É nisso que aposta a equipe de comunicação comandada pelo marqueteiro baiano João Santana, responsável pelas campanhas de Lula, em 2006, e de Dilma, em 2010. Mas a participação da presidente ainda segue suspensa. Pelo menos por enquanto. 
Dilma afirmou a interlocutores que não entrará na campanha em São Paulo no primeiro turno, já que há outros candidatos da base de seu governo concorrendo à Prefeitura. É o caso de Gabriel Chalita, do PMDB, partido do vice-presidente, Michel Temer, e figura importante para sua eleição no segundo turno de 2010. Celso Russomano, do PRB, também é outro aliado do governo federal que está na disputa.
No entanto, dirigentes petistas afirmam que a presidente irá gravar para o programa de rádio e TV na reta final do primeiro turno em São Paulo, quando Haddad chegará a um patamar de votos que, segundo eles, irá levá-lo ao segundo turno. "Na segunda metade de setembro, Dilma grava para o programa eleitoral. A gente tem certeza disso", disse um cacique do PT. Até lá, será papel de Lula lembrar que Dilma também está ao lado do ex-ministro da Educação.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, Haddad está em terceiro lugar para a sucessão de Gilberto Kassab, com 8% das intenções de voto, e ainda é bastante desconhecido do eleitorado. Sua apresentação como candidato de Lula e Dilma, segundo pesquisas feitas pelo PT, será um bom impulso ao candidato petista.
Por enquanto, já são oito programas gravados. O primeiro fará uma apresentação de Haddad, que narrará os principais problemas da cidade de São Paulo, como saúde e transporte, usando a analogia do "tempo", marca de seu slogan "O homem novo para um tempo novo". Sua biografia, cenas de sua família e, principalmente, o depoimento de Lula também serão explorados no programa. O tom emotivo e a fala do ex-presidente é exatamente o que foi feito em 2010 para o programa de Dilma Rousseff. 
A estratégia para os demais programas e a dosagem da participação de Lula serão avaliadas de acordo com pesquisas qualitativas que o PT fará diariamente para analisar o impacto do horário eleitoral na população.
Em 2010, Santana dividiu os programas em três fases: a primeira, com a apresentação de Dilma ao lado de Lula, e a superexposição do então presidente. A segunda, chamada de "desmame", era um reforço à personalidade da candidata, com menos "efeito Lula". E na terceira, Lula voltava à cena.
No segundo turno, porém, a fase de "desmame" foi interrompida pelo próprio Lula antes do planejado por João Santana. De acordo com o ex-presidente, era fundamental que Dilma fosse vista sempre ao seu lado. O marqueteiro mudou o rumo das coisas, como pediu Lula. Resta saber se a mesma estratégia se repetirá ou não com Fernando Haddad em São Paulo.