quinta-feira, 28 de maio de 2015

ECONOMIA - Valorização do câmbio.

Manter câmbio valorizado tem altíssimo custo para o Brasil



dinheiro-sombraO lobby contra a valorização do dólar cresce nos Estados Unidos. O Banco do Japão desde o ano passado mudou sua política, passou a injetar trilhões de ienes na sua economia e conseguiu depreciar o iene em relação ao dólar em 20%, o que levou as exportações do país a darem um salto de quase 10%.
Como vemos, câmbio é administrado e manipulado em todos países, menos no Brasil onde se busca valorizá-lo… Pior, a custos altíssimos e uma reserva externa que não serve para nada. A questão de fundo, o que temos de refletir e decidir aqui é: até quando o Brasil vai permitir que o câmbio inviabilize nossa indústria? Por que corrigir todos os preços administrados como energia, combustíveis e transportes e continuar valorizando o câmbio e impedindo sua desvalorização?
Manter essa política de câmbio valorizado tem um alto custo para o país. Principalmente com as reservas externas mantidas nessa faixa dos quase US$ 400 bilhões. E para nada…Depositadas nos Estados Unidos elas nos rendem uma ninharia enquanto pagamos 6,5% de juros reais pelos nossos títulos públicos que vendemos para mantê-las.
Perdemos 12 anos sem criar um Eximbank, um banco de importação e exportação
Lamentável constatar que perdemos 12 anos sem criar um banco de exportação e importação e que capitalizamos nossos bancos com dívida pública enquanto mantemos essa reserva, única e exclusivamente como garantia para os investidores externos. E olha que já estivemos na iminência de criar esse banco, o nosso Eximbank, e engavetaram a iniciativa!
Francamente, fazer um ajuste fiscal sem uma estratégia para o câmbio e a recuperação plena da indústria, sem uma estratégia voltada para o desenvolvimento e melhoria da inovação e da educação, é voltar ao passado.
A propósito, no artigo “Nova rodada da guerra cambial”, publicado na edição de hoje do jornal Valor Econômico, o diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP), professor Yoshiaki Nakano, disserta muito bem sobre essa questão. Com mestrado e doutorado na Cornell University, Nakano já foi secretário de Estado da Fazenda em São Paulo.
Vários países afrouxaram sua política monetária. E o Brasil? O que fez?
Como que num alerta ao Brasil, neste artigo Nakano mostra que “muitos países, com medo de perder competitividade frente ao Japão, também afrouxaram a sua política monetária para evitar a apreciação de suas moedas, gerando praticamente um efeito dominó. Os bancos centrais da China, India e Canadá responderam reduzindo suas taxas de juros. Coreia, Taiwan, Tailândia, Austrália e Singapura tiveram reações na mesma direção, tomando decisões para evitar a apreciação de suas moedas.”
“A recuperação da nossa economia passa pela reconstrução da indústria, destruida pela apreciação cambial”, reforça o diretor da FGV-SP. Nesse quadro de que ele fala, e o Brasil, o que fez? Nada, a não ser voltar a elevar os juros, já altíssimos, da taxa Selic… Indispensável a leitura da íntegra do artigo do Nakano “Nova rodada da guerra cambial”.

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