Jean Wyllys: “Desmandos de Eduardo Cunha passaram dos limites”
Os desmandos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passaram dos limites!
Eis que, a caminho do plenário onde se realizaria a sessão, sou surpreendido com a informação de que esta fora cancelada por decisão de Eduardo Cunha, que não está contente com o relatório do deputado Marcelo Castro.
Segundo informações que circulam pelos corredores da Câmara, Cunha reuniu, na residência oficial do presidente, um grupo reduzido de deputados aliados seus e, com estes, decidiu que o relatório de Castro não seria votado na comissão especial, mas, sim, no Plenário da Câmara amanhã.
As mesmas informações antecipam que Cunha destituirá Marcelo Castro da função de relator e nomeará Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu aliado, o novo relator da matéria em plenário.
Cunha já tinha humilhado o deputado Marcelo Castro antes em entrevista a O Globo, tratando-o como um qualquer sem condições de produzir o relatório que ele, Cunha, desejava. Castro se calou diante da humilhação.
Eduardo Cunha deseja a todo custo aprovar o sistema eleitoral batizado aqui de “distritão”, que é o pior dos sistemas possíveis, em vigor apenas no Afeganistão. APENAS NO AFEGANISTÃO!
Trata-se de um sistema em que é eleito apenas quem tem dinheiro e popularidade prévia: se aprovado, o parlamento ficará mais cheio de pastores fundamentalistas e comerciantes da fé, empresários ricos, apresentadores de programas sensacionalistas de tevê e rádio e jogadores de futebol do que já está no momento; além disso, se aprovado, qualquer governo terá que lidar com um varejo de deputados defendendo interesses privados que só poderá ser vencido mediante “mensalões” e outros esquemas hoje repudiados pela mídia em suas investidas contra o governo do PT.
Já pensaram nesse horror?!
Os partidos desaparecerão, as ideologias políticas idem e os movimentos sociais não terão qualquer chance de eleger representantes!
Ou seja, o que Cunha propõe – com a complacente cobertura de boa parte da mídia de propriedade privada – é uma contra-reforma política que apenas colocará mais raposas (organizações empresariais, banqueiros, especuladores financeiros, porta-vozes das indústrias farmacêutica, automobilística, de bebidas e armamentista e do agronegócio, empreiteiras e construtoras) livres no galinheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário