terça-feira, 19 de maio de 2015

PETRÓLEO - Empresas de energia estão adiando ou cancelando projetos.


Queda do petróleo segura US$ 100 bi em novos projetos



 

Mais de US$ 100 bilhões em gastos com novos projetos de empresas de energia no mundo foram impactados negativamente, adiados ou cancelados, após a forte queda do preço do petróleo, numa evidência de que as drásticas decisões da indústria reduzirão a produção nos próximos anos.

Diversas empresas, entre as quais a Royal Dutch Shell, BP, ConocoPhillips e Statoil estão entre as primeiras a decidir reduzir os gastos de capital antes previstos para 26 grandes projetos em 13 países, segundo análise encomendada pelo "Financial Times".

Os adiamentos e cancelamentos, muitos deles divulgados discretamente nas últimas semanas e meses, acontecem em meio a uma retração mais ampla num setor onde milhares de pessoas perderam seus empregos e que resultou numa desaceleração no boom do xisto nos EUA.

A pesquisa da consultoria Rystad Energy mostra que os produtores focaram algumas das áreas de maiores custos, o que resultou no adiamento do desenvolvimento de nove projetos em areias petrolíferas canadenses, cada uma delas com investimentos previstos de US$ 1 bilhão a US$ 10 bilhões. "A área individual mais impactada é o oeste do Canadá", disse Alastair Syme, analista de energia do Citigroup. "É uma área no mundo exterior ao do xisto americano onde as empresas estão realmente cessando os investimentos previstos".

Após atingir US$ 115 por barril em junho, o preço do petróleo caiu para um mínimo de US$ 45 em janeiro, quando o crescimento da produção do petróleo de xisto americano e a queda da demanda na Ásia produziram excedentes no mercado. O declínio se acelerou depois que a Opep, liderada pela Arábia Saudita, decidiu não cortar a produção para sustentar os preços. O petróleo bruto, a partir de então, subiu para cerca de US$ 66.

Apesar de o impacto do total de US$ 118 bilhões em investimentos sustados vá ser distribuído por vários anos, o adiamento dos gastos com tais projetos retardará a produção futura de até 1,5 milhão de barris por dia - ou cerca de 2% da produção mundial de petróleo em 2013 - para dois anos após o planejado, disse Rystad. Os dados dizem respeito apenas a projetos com reservas equivalentes a pelo menos 50 milhões de barris.

Os adiamentos já anunciados podem ser apenas o início de uma grande onda. O Goldman Sachs identificou 61 novos projetos, mais de metade aguardando aprovação final, como sendo não rentáveis a um preço do petróleo em US$ 60 o barril, colocando em risco mais de US$ 750 bilhões de gastos de capital e 10,5 milhões de barris por dia de pico de produção.

Michele della Vigna, do Goldman disse que em 17 países, entre os quais Angola, Nigéria, Austrália e Argélia, os investimentos em projetos cairão mais de 50% entre agora e 2020, assumindo que os preços permaneçam baixos.

Dos projetos que Rystad disse terem sido adiados ou cancelados, um dos maiores envolve a usina Seta de gás natural liquefeito da Shell na Austrália, correspondente a quase um quarto do investimento total suspenso. A lista também envolve vários projetos de petróleo "pesado", onde a extração assemelha-se mais a operações de mineração do que a perfuração convencional. Carlos Cabrera, CEO da Ivanhoe Energy, disse que o seu projecto Pungarayacu, no Equador, foi suspenso em parte porque "a queda abrupta do preço do petróleo" tinha tornado economicamente inviável a

produção de, possivelmente, 2 a 3 bilhões de barris.

Outros dados ilustram a rapidez com que as companhias petrolíferas reagiram ao colapso do preço do petróleo. De acordo com o Morgan Stanley, que analisou os indicativos de gastos de capital de 17


mais de 120 empresas em 2015, esses investimentos deverão cair 25% neste ano, de US$ 520 bilhões para US$ 389 bilhões.

A severidade dos cortes nos investimentos de capital poderão resultar numa recuperação substancial no preço do petróleo tipo Brent. O banco acredita que em 2017 o preço do petróleo subirá de US$ 66 por barril para US$ 85.

Fonte: Valor Econômico

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