Fonte: Folha de São Paulo Autor: Jânio de Freitas
O surpreendente lucro de R$ 5,3
bilhões da Petrobras nos três primeiros meses do ano, contra todas as
previsões, deu um tombo na poderosa articulação para retirar dela a
participação, por lei, na operação e exploração do pré-sal concedidas a
outras petroleiras.
O tombo não causou danos fatais, mas trouxe duas linhas de problemas para a articulação.
O tombo não causou danos fatais, mas trouxe duas linhas de problemas para a articulação.
A queda brutal de
prestígio da Petrobras custou-lhe perda de força política e, na sua
cúpula, uma perplexidade que a exauriu de autoconfiança. Em seguida aos
êxitos no problemático pré-sal, de repente a Petrobras estava
vulnerável. Para o objetivo de retirar-lhe a participação geral e até
mesmo jazidas inteiras, era hora de atacar. E o ataque começou. Mais
subterrâneo. Para efeito público, apenas aparições com a duvidosa
sutileza de apenas defender enriquecimento maior e mais rápido do país.
Os resultados do
primeiro trimestre mudaram essa arquitetura da situação. Ao lucro
surpreendente juntou-se a surpresa do aumento de 10,7% na produção de
petróleo. Desde o final da semana passada, a Petrobras, com toda a
certeza, conta outra vez com prestígio e com a decorrente força política
em medida bastante para resistir, e ter quem a defenda de investidas
ambiciosas.
A confusão difundida
entre a bandidagem de alguns dirigentes e a própria empresa paralisou os
segmentos que sempre estiveram com a Petrobras, em sua guerra já de
mais de 70 anos. Entre os efeitos do primeiro trimestre é bastante
provável a reanimação dessas forças organizadas para contrapor-se a
ações de redução da Petrobras.
Mesmo sob novas
condições, o assédio à empresa e, em particular, ao seu pré-sal vai
continuar. Com a conquista do Ministério de Minas e Energia, cujo
ministro Eduardo Braga já se manifestou pela reversão de direitos da
Petrobras no pré-sal, e com atitudes no Congresso. Onde José Serra
propõe ao Senado um projeto que retira da Petrobras, explicita e
drasticamente, a presença em concessões do pré-sal a outros.
Em entrevista à
GloboNews, José Serra juntou, àquele argumento lembrado lá atrás, um de
sua lavra que parece até ofensivo à Petrobras. Disse ele que a empresa
nem dispõe de quadro funcional para a atividade que a lei lhe confere no
pré-sal. Mas o corpo técnico da Petrobras é considerado o mais
competente no mundo para exploração em ação profundas. Uma ligeira ideia
disso: no pré-sal, os técnicos da Petrobras fazem extração até a oito
quilômetros de profundidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário