quarta-feira, 20 de maio de 2015

POLÍTICA - Força, Lula!


por Izaías Almada, especial para o Viomundo

Examinando a atual conjuntura política brasileira com as lentes da dialética, não é difícil chegar-se a uma conclusão que muitos julgam já quase impossível: acuado, tem o Partido dos Trabalhadores a grande oportunidade de juntar forças e dar a volta por cima de uma situação que, ao contrário de várias opiniões, não ajudou a construir. Ou, se ajudou, não foi pelos motivos que querem atribuir a muitos de seus membros e dirigentes. E, por paradoxal que pareça a alguns, ainda é o único partido com estrutura para enfrentar o anti-Brasil.
Deixando de lado a irracionalidade que tem temperado alguns debates políticos e, seja dito, ideológicos, como, por exemplo, o de dizer que o PT ajudou a direita a ganhar forças, façamos um ligeiro retrospecto do que era o Brasil até o ano de 2002, quando o PT chegou ao governo federal.
Um país quebrado indo por três vezes fazer empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional, pesada dívida externa e altíssimas taxas de juros, desemprego em alta, milhões de cidadãos na miséria, sucateamento das Forças Armadas, privataria, desnacionalização de empresas, ciranda financeira, diplomacia submissa a interesses externos e, o que mais chama a atenção pela ironia da atual situação, a existência de imenso mercado de corrupção que ainda está para ser verdadeiramente investigado e divulgado à população, com gigantesca dilapidação do patrimônio público e grandes fortunas enviadas para paraísos fiscais. Gente que nada tinha ou tem a ver com o PT, é sempre bom lembrar.
E o que é o Brasil hoje, para além dos inúmeros benefícios sociais e econômicos trazidos pelos governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff?
Pela ótica da direita e dos mal intencionados, somos um país em crise terminal, um quase manicômio, cujo desconcerto geral insuflado cotidianamente por uma imprensa irresponsável, já no limite do banditismo, a iludir boa parte dos brasileiros incautos e por ela mal informados, que tem ajudado a transformar a independência dos poderes institucionais num verdadeiro circo. Ou quase isto: um complô jurídico/midiático, salpicado aqui e ali por integrantes do Congresso Nacional, mostra sua disposição de tornar o país refém de intermináveis investigações policiais que acusam e pré julgam adversários e protege e beneficia os amigos. Um poder paralelo com forte viés policialesco.
A direita não hidrófoba, pois devemos reconhecer que nem todos colocados à direita do espectro político são irresponsáveis, por vezes tenta chamar a atenção de seus pares para a inconveniência de certas atitudes e posições que podem conduzir o país para uma situação explosiva nas ruas.
Parte da esquerda, nesse emaranhado de grupos, partidos e movimentos sociais que não conseguem se unir, senão estratégica, mas pelo menos taticamente para combater o principal adversário, insiste – num momento difícil da economia internacional e nacional – em continuar acusando o governo e o Partido dos Trabalhadores do abandono de princípios, de traição a determinados ideais, justificando com isso a “decepção” por terem acreditado e votado no PT, em Lula e Dilma, só para ficarmos nesses exemplos mais óbvios e comezinhos.
Contudo, o tempo vai passando e a direita não encontra eco onde talvez esperasse encontrá-lo, na sua visão passadista e ultrapassada, em algum tipo de apoio nas FFAA, por exemplo, mas que ainda há pouco e em boa hora foi descartado categoricamente pelo general Eduardo Dias Villas Boas, comandante do Exército, deixando claro que as atuais FFAA são constitucionalistas e democráticas.
Restou à imprensa e seu covil de cobras criadas e os novos “líderes” reacionários e conservadores o trabalho de fazer o jogo sujo do dia a dia.
Não deixa de chamar a atenção o fato significativo de que a feroz e odienta oposição feita nos dias atuais ao governo e ao Partido dos Trabalhadores, já numa cantilena insensata e digna de consultórios psiquiátricos é comandada politicamente por homens como FHC (esquerda light dos anos 60), José Serra (esquerda cristã dos anos 60), Roberto Freire (ex-Partido Comunista Brasileiro),
Alberto Goldman (ex-PCB) Aloysio Nunes Ferreira (ex-gruerrilheiro de Marighela), Jair Bolsonaro (torturador durante a ditadura de 64), Aécio Neves (playboy), Beto Richa (???!!!), Marina Silva (ex PT), José Aníbal (ex-guerrilheiro), Martha Suplicy (socialite ex PT), verdadeiro emaranhado de vaidades ofendidas e incompetências recalcadas.
Não foi o Partido dos Trabalhadores que ajudou a nova direita a ganhar forças. O eufemismo da crítica pela esquerda por partidos ainda sem grande penetração popular, mas carregados de pureza ideológica, bem como parte da esquerda envelhecida e esclerosada que, com a vaidade natural dos que se julgam acima do bem e do mal para determinadas críticas, é que ajudaram a criar e ampliar um quadro que a própria direita foi sabendo construir.
Jogar a culpa toda em cima do PT é discurso daqueles que ignoram ou fingem ignorar a história do Brasil e seus inúmeros lutadores em prol do desenvolvimento, das liberdades democráticas e dos direitos humanos. Esquecem-se de que a cultura política no Brasil foi construída, entre outros fatores, em cima de uma violenta escravidão, onde a repressão e o medo tornaram-se ferramentas de manutenção do poder, principalmente após o fim da escravidão.
Que a luta de classes, estatisticamente comprovada pelas enormes desigualdades sociais, esteve sempre envolvida em grandes teorias, acadêmicas muitas delas, sem sofrer – de fato – um enfrentamento eficaz. Que ao mais leve sentimento de consciência de classe por parte dos trabalhadores, com suas justas reivindicações, ela foi reprimida com requintes de crueldade, onde uma vez mais o medo foi matéria de grande consumo e capaz de proliferar até os dias de hoje.
Os erros cometidos pelo Partido dos Trabalhadores podem ser corrigidos. A autocrítica pode ser feita. Muitos de seus integrantes poderão sair em caravanas pelo país, acompanhando ou não o ex-presidente Lula e colocar as coisas nos lugares. Há espaço político para isso. Continua a existir, sobretudo, uma vontade da maioria dos brasileiros em continuar a ampliar as conquistas dos últimos 12 anos e mantê-las como garante de um novo país.
A presidente Dilma Rousseff deveria ouvir um bocadinho mais a voz dos que realmente querem que o Brasil continue no seu caminho pacífico de desenvolvimento para solidificar sua economia, apoiar a indústria nacional, modernizar ainda mais as FFAA, ampliar o atendimento aos mais necessitados, garantir os direitos conquistados pelos trabalhadores, defender a Petrobrás e capacitá-la a aumentar a sua produção e, sobretudo, solidificar e ampliar os programas de saúde e educação.
Considero esta uma tarefa de todos aqueles que, mesmo tendo críticas ao governo e ao PT, sejam suficientemente hábeis em perceber o que está em jogo no Brasil neste momento e deixem de lado as questões que dividem a força de 54 milhões de eleitores, cuja projeção estatística – considerando-se os que não podem votar – vai acima da metade da população brasileira atual. Uma força humana inestimável.
União das esquerdas! União, união, união!… E força, presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez a parte mais importante do seu legado político ainda esteja para se realizar.

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