domingo, 27 de abril de 2008

MÍDIA - A hegemonia da crítica conservadora.

Como se sabe, os "formadores de opinião" da grande imprensa nacional, foram os maiores derrotados pela reeleição do Lula. Têm razão de atacar os blogueiros, pois estes vivem desmascarando as "verdades" publicadas pelos "Globos da vida".

Copiado do site Observatório da Imprensa.

Por Guilherme Scalzilli em 22/4/2008
A radicalização ideológica das grandes empresas jornalísticas teve duas motivações complementares. Primeiro, foi um gesto espontâneo de afinidade partidária: a eleição de Lula contrariou os desejos pessoais (e os prognósticos) da maioria das cúpulas editoriais, que defendiam, aberta ou veladamente, os governos FHC. Mas houve também uma crise financeira sem precedentes no mercado da informação, que forçou os veículos a adotarem um aberto posicionamento político para atrair consumidores fiéis.
O conservadorismo tornou-se hegemônico não apenas por escolha voluntária das redações, mas principalmente por sua associação ao repertório de valores dominantes em certo público-alvo. Só que esse método fracassou como indutor eleitoral. Mesmo descontando-se a maioria sem acesso à mídia escrita, uma análise dos resultados do segundo turno das últimas eleições revela que os veículos não conseguiram convencer seus próprios seguidores, das parcelas mais escolarizadas da sociedade.
Para se ter idéia da gravidade dessa constatação, basta lembrar quantas vezes, nos últimos 50 anos, a imprensa abalou governos, inclusive derrubando presidentes, apenas através de seu poder mobilizador.
Tamanha desmoralização dos meios informativos tradicionais é um marco revolucionário da recente história jornalística nacional. Ela originou o profundo sentimento de frustração e revanchismo que se percebe nas entrelinhas dos artigos, nas entonações dos pronunciamentos, no calor dos debates e, finalmente, nos ataques desferidos pelos comentaristas contra os blogs da internet.
Especulação e palpitaria
Nomes consagrados do jornalismo têm destilado torrentes venenosas contra os blogueiros, chegando a constrangedores extremos de agressividade. Acusam fanatismo, grosseria e até canalhice, ameaçam represálias e defendem legislações repressivas. Vingam-se, assim, da aparente traição eleitoral de 2006: transformaram os dissidentes das classes média e alta em turba animalesca de parasitas anônimos.
Desnecessário insistir que a luta é inglória. Os blogueiros apenas realizam as potencialidades da liberdade de expressão que lhes são vedadas na grande imprensa. Compõem uma verdadeira população de militantes e analistas amadores que usam a mídia eletrônica para resgatar a multiplicidade de opiniões e a controvérsia desaparecidas de outros meios. E não restam dúvidas de que são bem-sucedidos nessa empreitada.
Os autores dos blogs não representam ameaça à coletividade. Como qualquer jornalista profissional, estão submetidos a sanções legais; uma assinatura genérica tipo "Da redação" também protege a identidade do autor, mas tampouco lhe serve como couraça inescrutável. Debates sérios sobre calúnias e anonimatos abarcariam os limites da especulação noticiosa, da palpitaria irresponsável e do sigilo de fontes viciadas – que de forma alguma são exclusividades da chamada blogosfera.
Liberdades incômodas
A reação dos comentaristas esconde a soberba do orgulho corporativo ferido. "Especialistas", não admitem ser contrariados por ignaros. Precisam parecer superiores ao povaréu blogueiro, como se um contrato de trabalho (ou, pior, o diploma) lhes conferisse status de infalibilidade. É a versão arrogante do "discurso competente", sutil autoritarismo travestido de imparcialidade técnica.
Os blogs estão a salvo de ingerências hierárquicas, econômicas e institucionais, expondo o ridículo da dissimulação pretensamente oficiosa dos grandes veículos. E ensinando que as liberdades só adquirem verdadeira função democrática quando se tornam incômodas.

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