Argemiro Ferreira
Se a oposição republicana já estava perguntando porque o presidente Obama vai às ruas em cidades de outros países mas não nos EUA, teve a resposta ontem. Ele deu uma escapada da Casa Branca, com o vice Joe Biden a tiracolo, e foi comer hamburger no botequim - ou melhor, numa lanchonete pequena, independente, aquilo que os americanos chamam de mom ‘n dad. (Clique acima para ver toda a cena, tal como registrada pelas câmeras da CNN)
Na certa foi escolhida a dedo. Tais lojas “papai-mamãe” existem em toda parte. Estão fora do esquemão das franchise, dos McDonalds, BurgerKing & KFC. Há simpatia natural em pequenas cidades por esses e outros negócios que sobrevivem sob a ameaça das cadeias, cujo símbolo maior é a gigante varejista Wal-Mart.
Quando é anunciada a instalação de uma Wal-Mart, como se sabe, comunidades num raio de uns 20 km protestam, num esforço frequentemente inútil para impedir que isso aconteça - pois leva à falência as lojas mom ‘n dad. Daí os logotipos satíricos e irados contra a Wal-Mart, que se multiplicam pelo país. (Veja alguns exemplos ao final deste post)
Entende-se, assim, porque Obama - ou seus assessores - optou pela pequena lanchonete Ray’s Hell Burger, localizada em Arlington, subúrbio da Virgínia na área metropolitana de Washington. Mais importante ali foi como a dupla se conduziu. Obama e Biden entraram na fila como todo mundo. Cada um fez seu pedido. O presidente lamentou não haver batata frita (as french fries foram boicotadas no governo Bush, devido a campanha liderada pela Fox News, por causa da oposição francesa à guerra do Iraque).
Quando o presidente pegou o dinheiro para pagar sua conta e perguntou aos jornalistas se também queriam hamburger, o vendedor ofereceu a eles um lanche por conta da casa. Mas Obama não deixou. “Nada disso. Fazemos questão de pagar. Senão eles vão dizer que filamos a bóia”. (Leia o breve relato do blog da CNN, Political Ticker, AQUI)
Será preciso dar um tempo para avaliar o efeito real de iniciativas como essa para a imagem de Obama junto à população. Uma coisa é certa. A palavra “populismo”, exorcizada pelos intelectuais fernandistas do Cebrap e da USP, obcecados em por fim à era Vargas, não tem nos EUA a conotação negativa que a mídia golpista do Brasil adotou - em especial na campanha ensandecida contra o Bolsa Família.
Fonte: Blog do Argemiro.
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