segunda-feira, 18 de maio de 2009

A CPI DA PETROBRÁS E A IRRESPONSABILIDADE SEM LIMITE.

Exibir blog de Ronaldo Bicalho.

Colocar a maior empresa brasileira ao sabor das veleidades político-midiáticas em um momento de profunda crise econômica mundial caracteriza um tipo de comportamento que não tem nenhum outro compromisso que não seja alcançar o poder a qualquer custo.

Em um momento em que a empresa procura mobilizar todos os seus recursos para enfrentar os desafios da exploração do pré-sal, em um contexto econômico extremamente desfavorável, inserindo-se em um grande esforço de política anticíclica, criar uma CPI no Senado Federal tem como único objetivo inviabilizar qualquer tentativa de construir uma agenda positiva para o país.

Considerando o peso que os papéis da Petrobras têm no mercado de capitais brasileiro, as possibilidades para todo o tipo de manipulações a partir de vazamentos selecionados, boatos infundados, até mesmo da simples chantagem para auferir vantagens ilícitas, não têm limites.

Ao intento óbvio de se criar dificuldade para o governo Lula, soma-se a clara manobra de enfraquecer a posição da empresa na negociação do novo marco regulatório para o pré-sal.

É lamentável que alguns senadores com longa tradição de luta democrática tenham se prestado a esse papel medíocre de servirem de massa de manobra para o que se tem de mais atrasado e irresponsável no país.

Com quase trinta anos acompanhando as discussões sobre o tema energia, jamais vi um ato de tamanha irresponsabilidade e com conseqüências tão nefastas para o país, que, me desculpem os meus amigos desse blog, a única palavra que encontro para descrever tal comportamento é molecagem.

Trata-se simplesmente de uma molecagem impetrada por uma casa da qual, em função da importância que ela tem para a democracia brasileira, não se pode esperar e, acima de tudo, aceitar.

Eu discordo da proposta de capitalização apresentada pela Petrobras e apoio à criação de uma estatal para coordenar e representar o Estado na exploração do pré-sal. Esta é a minha visão e estou disposto a discuti-la de forma democrática e transparente. Posso estar errado, mas não abro mão de defendê-la. Também tenho claro que não me cabe decidir quais serão os caminhos trilhados pelo pré-sal, mas à sociedade através dos seus legítimos canais de representação. Nesse sentido, a posição do Senado Federal dá um péssimo sinal sobre a forma como se pretende discutir um tema tão vital para o país.

Dessa maneira, discordar das posições da Petrobras não implica apoiar posições irresponsáveis que, de fato, inviabilizam a possibilidade de se construir um espaço de discussão que permita erigir consensos que sustentem a exploração do pré-sal, a partir de uma perspectiva estratégica de desenvolvimento econômico e melhoria do bem-estar da sociedade brasileira.

Por fim, espero que as instituições brasileiras tenham a maturidade necessária para lidar com um evento que pode causar danos irreparáveis ao país, em um momento econômico extremamente grave. Também espero que todos aqueles especialistas em energia que tenham a mínima decência e espírito público se recusem a endossar uma irresponsabilidade de tal monta e a participar de uma chantagem política cujo o alvo não é o governo Lula, não é a Petrobras, mas o país.
Fonte:BLOG do Alê

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