terça-feira, 12 de maio de 2009

O INCONCEBÍVEL LULA.

Raul Longo

|Ainda na década de 60, havia uma excelente revista argentina, CRISIS, que me enviavam uns companheiros de lá. Era minha melhor fonte de informações sobre a realidade brasileira, naquele início de ditadura nazi-fascista dos militares.

Nunca me esquecerei de uma matéria que gostaria de ter em mãos para responder a afronta da Folha de São Paulo quando relembrou aqueles tempos, designando-os como os da "ditabranda". Ainda lembro o título: "A República do Silêncio".

Mais tarde, seguindo o plano de ocupação indireta do Cone Sul Latino-Americano, a CIA utilizou a megalomania de um já falecido Perón para instaurar o modelo experimentado no Brasil. O golpe militar argentino ocorreu em 1976, mas se ensaiara dez anos antes quando, em 1966, o General Ongania derrubou o Presidente Arturo Illia, um nacionalista.

Ongania invadiu as universidades e combateu duramente as minissaias, os cabelos compridos, os movimentos culturais de vanguarda e os intelectuais, repetindo o ridículo espetáculo aqui promovido em 64. Mesmo assim recordo de uma passagem daqueles tempos, quando encontrei um meu ex-professor numa gafieira e me contou estar de partida para a Argentina. Iria concluir as pesquisas de sua tese de doutorado.

Sabendo que o tema era a cinematografia brasileira, estranhei. "- O Cinema Novo! - explicou - Aqui não temos nada. Está tudo proscrito. Os argentinos têm toda a história e um acervo completo."

A classe média portenha (de Buenos Aires, onde se concentra a economia do país) não é nem melhor, nem pior do que as demais do mundo. Talvez, por sua maioria de descendentes de emigrantes provenientes do sul da Itália, como a de Nova Iorque, Chicago e São Paulo, dêem impressão de arrogantes. Um atavismo que melhor compreenderíamos se conhecêssemos o histórico da Sicília, ilha que conquistou alguma autonomia e estatuto próprio através de séculos de luta por uma afirmação territorial, mas sempre chutada pela bota fascista, como enxergavam os italianos o mapa de seu país. Algo similar ao qual o sul e sudeste do Brasil enxergam todo o resto do país, sem necessidade de qualquer comparação gráfica.

Apesar da pretensão de mais européia das capitais dos países Latino-Americanos, Buenos Aires compreende a sociedade mais atenta à realidade do continente. Os portenhos, segundo seus críticos e sua própria capacidade de auto-crítica, muito mais arguta e contundente do que a dos brasileiros, sabem que essa pretensão é o maior erro daquela cultura tão rica, ainda que carente de identificação continental.

Mas os portenhos, a classe média portenha, procura essa identificação. Comprova-se isso por um boletim da Câmara Brasileira do Livro reportando que um dos temas mais procurados entre os expositores do Brasil na Feira do Livro de Buenos Aires (a maior da América Latina) em 2005, era o da cultura Afro-Brasileira.

Afora a Pallas Editora do Rio de Janeiro, quantas, no Brasil, pautam seus interesses na realidade de sermos a 2ª nação com maior população de cidadãos negros no mundo (apenas atrás da Nigéria, se já não a superamos)?

Na mensagem do professor e economista Sílvio Pizzarro de Buenos Aires, adiante, se pode encontrar todas essas manifestações: a necessidade siciliana e portenha de uma auto-afirmação, e uma inerente incapacidade da classe média brasileira em se afirmar e reconhecer sua própria realidade dentro do contexto político de uma sociedade. Qualquer sociedade.

Por ela é e as de seus correspondentes, abaixo reproduzidas, é difícil concluir se portenhos e sicilianos seriam dignos europeus. Mas para os que sabem e conseguem depreender alguma conclusão, evidencia quanto nossa imprensa e classe média por ela induzida se confirma desinteressante à qualquer continente do mundo atual.

E ainda dizem que eles são os cansados! Talvez, assim se justificou o extermínio dos dinossauros no planeta.

Raul Longo.

Lula que é nordestino limitado é uma figura mundial, orgulho de todo brasileiro, de Norte a Sul!!
Aquí, na Argentina todos falam, porqué Lula não é argentino.
Lula um simples torcedor corinthiano, o meu Boca Juniors o presenteu com a camiseta do maior ganhador de títulos internacionais do planeta.

Silvio Pizarro
Buenos Aires

De: Antonio Roberto Vieira. O inconcebível Lula

NÃO CONHEÇO O PROFESSOR CITATO COMO AUTOR, MAS ACHEI BEM INTERESSANTE, ou melhor adorei!
E REPASSO COM O COMENTÁRIO DO COLEGA QUE ME ENVIOU:

Não sei quem é o Professor autor do texto, mas achei ótimo!!!

E ainda tem gente que vive tentando ridicularizar o LULA.... Pessoas aliadas do PIG (partido da imprensa golpista), que, seja de forma consciente, ou incosciente, vive mandando piadinhas de mal gosto sobre nosso Presidente. Pessoas que se recusam e enxergar que, apesar de todas as mazelas, do legislativo totalmente corrupto, e do judiciário sendo jogado na lama, o país melhorou e MUITO!!!! Pessoas que se recusam a enxergar que, se estivéssemos sob um governo alinhado com o de FHC, com esta crise mundial, o Brasil estaria de quatro (nem seria de joelhos) perante os poderosos.... Se recusam a enxergar que a crise chegou aqui , mas em grau muito menor do que o PIG gostaria que chegasse.... E isso graças ao GOVERNO LULA!!! Enfim, parece difícil para algumas pessoas engolir o SAPO BARBUDO....

Desculpem o dasabafo....

Um comentário:

Agnelo Regis disse...

Oi colega, veja lá no blog cabresto sem nó, um outro texto de um professor chamado Pedro R.Lima, que recebí, com o mesmo título "O inconcebível Lula". (achei muito bom)
Abraços.