E.J. Dionne adverte: os capitalistas voltaram das férias
O mundo dos negócios estava encostado nas cordas nos Estados Unidos desde o recente colapso financeiro, mas o princípio de uma bruxuleante recuperação já está fazendo brotar uma contraofensiva capitalista. Quem escreve é o colunista americano E.J. Dionne, do The Washington Post, no saboroso artigo Os capitalistas voltaram das férias.
Donohue em campanha: "Enough is enough" Uma coisa para o presidente Obama é enfrentar a mídia de direita e os líderes dos republicanos no Congresso. Outra é confrontar-se com o muito mais organizado ''business''.
Por isso o anúncio feito na semana passada pela Câmara de Comércio dos EUA, de uma nova ''Campanha pela Livre Empresa'' (''Campaign for Free Enterprise'') pode ser um dos fatos do ano com maiores consequências políticas. Começa agora a verdadeira resistência a Obama.
Enquanto a economia mundial estava desmoronando, o mundo dos negócios aceitou e até congratulou-se com a injeção de centenas de bilhões de dólares para amparar o sistema. Os líderes empresariais, como todo mundo, estavam mortalmente assustados. Congratularam-se com as grandes aplicações do governo visando a sobrevivência dos bancos e e a recuperação do poder de compra do consumidor.
Eis porém uma estranha homenagem ao sucesso de curto prazo do esforço de recuperação de Obama: o lobby das empresas sente-se agora livre para voltar à religião dos velhos tempos, batendo duro no governo e cantando loas ao mercado sem peias. Você podia esperar que os caras do ''business'' mostrassem um pouco de gratidão para com o governo que os socorreu. Mas isso nunca foi o caminho dessa gente.
É o que mostra a nova ofensiva da Câmara de Comércio. Na sua declaração anunciando a sua campanha, Thomas J. Donohue, presidente e principal executivo do grupo, tratou de passar a régua nas recentes ocorrências desagradáveis com a maior brevidade possível.
''Horrendas circunstâncias econômicas por certo justificaram algumas ações profiláticas corretivas fora do normal por parte do governo'', declarou Donohue. ''Mas já chega'' (o executivo usa uma expressão intraduzível mas eloquente: ''Enough is enough'').
''Se não detivermos rapidamente a crescente influência do governo sobre a atividade do sector privado, desperdiçaremos a inigualável capacidade da América para inovar e criar um padrão de vida e de sociedade livre que são a inveja do mundo'', disse Donohue.
O texto acima é a íntegra da coluna de E.J. Dionne, que, como o Wahington Post, apoiou Obama para presidente, foi um severo crítico do governo Bush e é considerado um liberal – termo que nos EUA indica posições à esquerda do espectro político local. Ele dá uma idéia do puxa-estica que recrudescerá no país com a ''reforma radical na regulação do sistema financeiro'' anunciada pelo presidente nesta quarta-feira (veja mais).
Fonte: The Washington Post/Site O Vermelho.
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