Parece que agora o Minc está querendo ser fiel à sua história, enfrentando a bancada ruralista, que como já disse aqui, é unida e supra-partidária.É formada por 76 deputados feserais e 16 senadores,grandes proprietários de terras, a grande maioria caloteiros, que vêm conseguindo, entra governo, sai governo, empurrar suas dívidas para frente.
Carlos Dória
O texto abaixo foi copiado do blog do Alê.
'Tempo político' da 319 não importa, diz Minc
A Crítica - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, está disposto a bater de frente com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), com relação ao licenciamento ambiental prévio das obras de reconstrução da BR-319, que liga Manaus à Porto Velho (RO). À Folha de São Paulo, Minc disse, no ultimo sábado, que Alfredo "quer que as exigências (ambientais) sejam cobradas apenas ao final da obra", por questão eleitoral, uma vez que é pré-candidato ao Governo do Estado. "Se perdeu o tempo da eleição, como diria meu filho, só lamento. Não importa o tempo político da obra", disse Minc à Folha.
As declarações do ministro do Meio Ambiente foram dadas depois de conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual fez reclamações sobre outros ministérios, que segundo ele, vem insistindo em passar por cima de questões ambientais. "Saio com uma visão de respaldo do presidente da República. Quem quiser brigar, vai discutir com o presidente", desafiou Minc. "Ele (Lula) meu deu força e eu a exercerei", completou.
O ministro Alfredo Nascimento, por telefone, disse a A CRÍTICA que não quer entrar em nenhuma polêmica com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e afirmou que a pasta dos Transportes está respondendo a todas as exigências ambientais, e tem contado com o apoio do Governo do Estado.
"Para mim não interessa muito a polêmica. O que interessa é que estamos cumprindo todas as exigências que foram feitas. Não houve qualquer resistência para cumprir exigências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do bom senso", disse Alfredo. O ministro disse ainda que não haverá resistências sobre as exigências do "bom senso".
Para Alfredo, qualquer que seja o interesse do Ministério do Meio Ambiente sobre a preservação da Amazônia "não é maior que a que nós amazonenses também temos, mais que qualquer outro organismo". "Hoje já existe uma consciência de que a nossa sobrevivência depende da floresta em pé, ou ocupada com projetos de exploração sustentável. Estou fazendo o que é a minha obrigação", afirmou. (Emerson Quaresma)
MP e Ibama processam 21 fazendas de gado por desmatamento - Vinte e uma fazendas de gado em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia, além de dezenas de frigoríficos e curtumes - que abatem, processam e revendem subprodutos bovinos - estão sendo processados pelo Ministério Público Federal (MPF) no Pará e pelo Ibama. Se forem condenados, os acusados terão de pagar um total de R$ 2,1 bilhões em indenizações pelos danos ambientais. Para garantir o pagamento, os rebanhos serão confiscados. [...]
[...] A punição mais alta é para a Fazenda Rio Vermelho, em Sapucaia: R$ 375,7 milhões. Mas a carga mais pesada recai sobre a empresária Verônica Dantas Rodenburg, irmã do banqueiro Daniel Dantas: nove das 21 fazendas estão em seu nome, somando R$ 540 milhões em multas.
Minc estuda cortar recursos de frigoríficos - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reagiu ontem à divulgação do relatório do Greenpeace, que acusa o governo de financiar o desmatamento na Amazônia. Ele ressaltou que cortará benefícios da cadeia econômica dos criadores de gado para coibir o desmate ilegal. Minc apontou que os pecuaristas foram os únicos a não firmar um acordo com o ministério, ao contrário dos produtores de soja, madeira e minério. E que os que estiverem na ilegalidade não receberão recursos do BNDES. De acordo com o ministro, o BNDES não financiará frigoríficos que comprem carne de pecuaristas que estão desmatando. "Temos uma lista de 105 frigoríficos e dos fornecedores de cada um deles. Vamos ver um por um. O frigorífico é corresponsável por crimes cometidos por fornecedores. Quem comprar carne ilegal não receberá recursos do BNDES", apontou, durante lançamento do Fundo da Mata Atlântica, no Rio.
Tenho lido aqui e ali, que o ministro Carlos Minc estaria preparando sua saída do governo, com essas declarações expondo publicamente as contradições internas do governo Lula em relação ao meio ambiente.
A minha visão é outra. Acredito que ele está lançando uma cartada com dois objetivos muito claros, apesar de arriscada. Entendo que a ministra Marina Silva tentou essa mesma estratégia, mas num momento em que sua força política estava fragilizada. Lembrem que muito criticada no ministério, voltou a ser unanimidade fora dele.
Por um lado Minc tentar contrabalançar as pressões internas no núcleo do governo, expondo para a imprensa de onde elas vêm. Por outro, pede ajuda à sociedade, que da boca para fora adota a preservação ambiental como uma prioridade, mas que no fundo se divide e muitas vezes se omite, quando as tensões aparecem. Isso sem falar na histórica divisão dos ambientalistas, que reproduzem de alguma forma a fragmentação dos diversos movimentos de esquerda, enquanto que os ruralistas e desenvolvimentistas (desculpem o rótulo prá lá de simplista) são unidos como nada.
O ambientalismo, marcado pela luta ideológica, muitas vezes não têm visão política muito clara e muitas vezes não consegue identificar quem realmente são os adversários.
Essa matéria, de alguma forma mostra uma vitória de Minc. O ministro dos Transportes, pressionado, é quase que obrigado a afirmar que vai cumprir as condicionantes do licenciamento, o que parece óbvio para muitos, mas que na verdade é uma conquista diária. É, de certa forma, um jogo midiático e ele parece que joga bem.
Minc está no fundo aumentando o preço político a ser pago pelo governo, por sua eventual saída. E se o ministro está realmente pedindo apoio, aqui está o meu, pois com essa estratégia ele deve estar ganhando muitos inimigos.
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