O Alan Garcia se esqueceu que o neoliberalismo entreguista já era.
Carlos Dória
O presidente peruano, Alan García, reconheceu, nesta quarta-feira (17), que houve uma ''sucessão de erros e exageros'' durante a repressão aos protestos indígenas na região amazônica. Os conflitos resultaram na morte de 34 pessoas. Em mensagem à nação - transmitida por vários canais de televisão - ele pediu que o Congresso anule os polêmicos decretos que motivaram as manifestações, atendendo à reivindicação das comunidades nativas.
García declarou que ''chegou o momento de fazer um balanço, de reconhecer a sucessão de erros e exageros que todos vivemos, de alguma ou de outra forma''. O presidente disse ter aprendido que querer ''modernizar muito rapidamente'' traz conflitos. ''Não tenhamos medo disso se for para o país avançar, mas evitemos a morte e a dor, que são irremediáveis e, se ocorrerem, retifiquemos, reconciliemos, recomecemos'', colocou.
O presidente, que completará em julho o terceiro dos cinco anos de seu mandato, atribuiu ao seu governo o erro de não ter dialogado com as comunidades amazônicas antes de emitir o conjunto de decretos, que foram o centro das manifestações.
As comunidades indígenas afirmam que as leis facilitariam a entrega de suas terras a empresas transnacionais e permitem a exploração de recursos naturais locais, mas, para García, elas têm o objetivo de desenvolver a região e impedir o desmatamento, o narcotráfico e a poluição.
Os confrontos na Amazônia peruana foram iniciados quando o governo ordenou que autoridades reprimissem um protesto realizado em uma estrada na cidade de Bagua. Os manifestantes, de comunidades indígenas e que há mais de dois meses realizam manifestações na região, bloqueavam há dez dias a rodovia, como uma das medidas para exigir a revogação de decretos.
Ontem, o mandatário pediu ''calma, serenidade e confiança, essa que existia há duas semanas'' e ratificou o pedido, feito na última terça-feira pelo presidente do Conselho de Ministros, Yehude Simon, para que o Congresso derrogue dois dos dez decretos questionados pelos indígenas. ''Eu o apoio (a Simon) porque é melhor uma retificação corajosa do que uma torpe obstinação para ver quem ganha. Sei que o Parlamento irá compreender''.
''Inimigos''
No pronunciamento, García voltou a dizer que líderes políticos opositores e ''inimigos do Peru'' aproveitaram o conflito para difundirem notícias falsas, prejudicando a imagem do país e ''impondo suas ideias estrangeiras''. Segundo ele, por trás dos ''agitadores'' na Amazônia peruana ''há políticos de outros países'' que buscam ''acabar com o otimismo'' dos peruanos.
Por outro lado, comunidades indígenas acusam o governo de ter cometido ''um genocídio'' na região e afirmam que pelo menos 30 nativos morreram e um número indeterminado está desaparecido em consequência da repressão policial.
Em um vídeo divulgado ontem pela imprensa local, o sacerdote Mario Bartolini, da paróquia de Barranquita, na região de San Martín, qualificou García como ''terrorista e assassino'' e condenou o que chamou de ''ação criminosa das autoridades que hoje nos governam''. Em alusão ao confronto, o padre disse que ''as vítimas caíram sob as balas de um presidente terrorista e assassino''.
''Todos estão mortos e isso significa aceitar de forma silenciosa o ato criminoso e assassino do governo'', que pratica ''uma política insensível e genocida, porque nossos irmãos (os indígenas) não são terroristas, terroristas são os que saem do governo, que venderam o Peru''.
O Plenário do Congresso debate hoje (18) a revogação dos decretos, que estão suspensos desde a última semana. Segundo o presidente da instituição, Javier Velásquez, o diálogo será facilitado para dar ''uma solução integral ao problema amazônico''.
Com agências/Site O Vermelho
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