quarta-feira, 29 de julho de 2009

ANOS DE CHUMBO - Encontrados restos de desaparecidos na Bolívia.

Escrito por Larissa C. S. Silva

Mario Hubert Garrido

La Paz, 29 jul (Prensa Latina) Uma equipe de antropólogos e legistas argentinos e bolivianos encontrou os primeiros restos de desaparecidos na ditadura militar de 1970, quando entrou na localidade de Teoponte, zona tropical de La Paz.


Fontes do Ministério Público disseram à Prensa Latina que a descoberta ocorreu na segunda-feira passada, como parte da missão que busca restos de 32 a 36 guerrilheiros caídos nessa região dos Yungas.

Segundo o promotor Isabelino Gómez, os especialistas liderados pela argentina Silvana Durnal estão encarregados da coleta das evidências para enviar, depois, toda essa prova ao Instituto de Investigações Legistas (IDIF, por suas siglas em espanhol), em La Paz, e realizar os estudos periciais que correspondem no caso.

Durnal esteve na Bolívia em 2008 para participar na exumação de 13 cadáveres que pertenciam a pessoas executadas durante a ditadura militar de Hugo Bánzer (1971-1978).

Participa também nessa investigação o médico legista Édgar Quisbert.

"É necessário fazer estudos de ossos e antropologia legista; se forem encontrados dentes também tem que ser feito o exame correspondente a fim de identificar a quem correspondem os restos encontrados nas exumações", acrescentou Gómez em declarações ao diário Câmbio.

Os restos ósseos de humanos foram encontrados na população de Guanay e de acordo com o representante do Ministério Público têm relação com o caso Teoponte e os guerrilheiros.

"Agora, o perito, conjuntamente com a equipe de arqueólogos e antropólogos, está se dirigindo à localidade de Mapiri, onde, segundo o cronograma estabelecido, tem prevista uma permanência de cinco dias para realizar mais exumações", acrescentou.

Consultado sobre as mostras encontradas nas escavações e exumações, Gómez explicou que se encontram em poder do IDIF, por isto é impossível aprofundar em mais detalhes.

A ministra de Justiça da Bolívia, Celima Torrico, disse que o governo e o grupo de trabalho extremarão esforços para identificar os lugares de enterro e exumar os restos dos caídos durante o regime de Alfredo Ovando Candia.

O próximo passo seria a identificação científica dos cadáveres para depois entregá-los a seus familiares, precisou a servidora pública.

Sublinhou que na localidade de Teoponte e zonas próximas foram identificados 19 pontos, onde provavelmente teriam sido enterrados os corpos dos guerrilheiros.

Apontou ainda que os lugares foram localizados depois de um árduo trabalho do Ministério de Justiça, o Conselho Interinstitucional para o Esclarecimento de Desaparecidos Forçados (CIEDF) e antropólogos argentinos.

"Estas ações estão dentro do Plano Nacional de Direitos Humanos adotado pelo governo boliviano em um profundo compromisso para poder devolver aos familiares os restos mortais dos guerrilheiros", enfatizou Torrico.

A guerrilha de Teoponte começou na madrugada do 18 de julho de 1970, quando os combatentes, que viajaram como supostos alfabetizadores, se inspiraram nos ideais do legendário revolucionário argentino cubano Ernesto Che Guevara, assassinado em 1967 na Higuera (Santa Cruz).

Entre os combatentes de Teoponte estavam Carlos Navarro Lara (Chinês), Emilio Quiroga Bonadona (Napo), o colombiano Fabián Barga (Chuma), o chileno Tirso Montiel Martínez, Jorge Ruiz Paz (Omar), Enrique Farfán Mealla (Adrián), Néstor Paz Zamora e Benjo Cruz (Casiano).
Fonte:Prensa Latina.

Nenhum comentário: