Bryant Neal Vinas, jovem norte-americano sem grandes objetivos na vida, foi de Long Island para o Paquistão para se unir à Al-Qaeda. No ano passado, aceitou executar um atentado suicida. Logo depois, o rapaz – conhecido pelo nome de guerra de Bashir al-Ameriki – foi a Peshawar para procurar mulheres. Foi nessa cidade que os agentes paquistaneses, em novembro passado, capturaram o norte-americano convertido ao Islã.
Agora, as vicissitudes da improvável odisseia de Vinas – cheias de detalhes sobre como a Al-Qaeda leva em consideração as perguntas e as avaliações escritas dos estudantes, dirige a vida nos campos de treinamento para terroristas e procura recrutas – encontra-se em uma transcrição dos interrogatórios aos quais Vinas foi submetido pelo FBI.
A reportagem é de Michael Powell, publicada no jornal La Repubblica, 25-07-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em janeiro, Vinas, de 27 anos, se apresentou em uma sala do tribunal em Brooklyn e, a portas fechadas, admitiu a própria culpabilidade por todas as acusações levantadas em 14 meses passados no Paquistão e no Afeganistão. Admitiu ter sido formado pela Al-Qaeda, de ter cometido um complô para matar soldados norte-americanos, de ter fornecido aos líderes da rede do terror informações úteis para organizar um atentado contra a rede ferroviária de Long Island.
Do documento, vem-se a saber em detalhes de que modo Vinas foi acolhido nas fileiras de um esquadrão de terroristas em fase de treinamento, a apenas poucas semanas da sua chegada no Paquistão. Nos EUA, pelo contrário, Vinas não parece ter deixado para trás de si traços de importância: conhece-se muito pouco de sua vida, salvo que foi coroinha, e não se sabe por que motivo decidiu se tornar muçulmano nem, principalmente, como decidiu entrar para a Al-Qaeda.
Vinas, de fato, não era nem o delinquente gangster de rua como José Padilla, nascido no Brooklyn e condenado como conspirador terrorista, nem era originário de comunidades isoladas e fechadas como os norte-americanos de origem yemenita de Lackawanna, culpados de terem frequentado um campo de treinamento da Al-Qaeda. Vinas, em 2002, até entrou para o Exército dos EUA, mas depois de apenas três semanas de treinamento, foi exonerado.
Segundo as minutas dos interrogadores, Vinas se converteu ao Islã em 2004. No dia 10 de setembro de 2007, embarcou em um voo para Lahore, no Paquistão, e, quando chefou, telefonou para outro norte-americano de Nova Iorque (cujo nome está censurado nas transcrições), que foi usado para apresentá-lo a várias pessoas. Depois de pouco tempo, Vinas chegou a um centro de treinamento da Al-Qaeda e, após três semanas, escalou as montanhas e entrou na província de Kunar, no Afeganistão. Enquanto alguns terroristas atacavam uma base do exército afegão a tiros de fuzil e com lança-granadas-foguete, outros – dentre os quais Vinas – preparavam as munições no flanco da montanha.
Quando retornou ao Paquistão, o jovem norte-americano de Long Island foi convidado a fazer parte de um esquadrão de terroristas suicidas. Porém, depois de ter aceitado, a liderança da Al-Qaeda parece ter querido reconsiderar todo o episódio, afirmando que era necessário que ele se submetesse a mais preparações. Apenas mais adiante, em Waziristan, entre março e julho de 2008, Vinas recebeu uma verdadeira preparação, participando de alguns cursos, frequentados por 10-20 recrutas.
O primeiro permitia aprender a usar a metralhadora AK-47. O segundo, a construir coletes bomba, como escondê-los ao redor do corpo e como controlar o bom funcionamento de bateria e voltímetros. O terceiro era preparatório ao uso dos lança-granadas-foguete. Pouco depois de ter frequentado esse curso, Vinas obteve, por assim dizer, o diploma de terrorista. Da transcrição dos interrogadores, fica claro que, pouco depois de ter terminado o seu treinamento, um certo "A. S." comunicou-lhe que os estudantes deviam submeter-se a uma avaliação por escrito dos seus estudos e da sua operação durante os cursos praticados.
Uma vez adquiridas as qualificações necessárias para organizar e realizar atentados contra as bases da OTAN e norte-americanas, Vinas teria partido com um esquadrão e, por duas vezes, teriam lançado foguetes contra bases norte-americanas. O primeiro atentado falhou por problemas de comunicação via rádio. No segundo caso, os mísseis caíram antes de atingir a base.
Fonte:IHU
Nenhum comentário:
Postar um comentário