terça-feira, 28 de julho de 2009

LUTA SINDICAL NOS EUA.

A ação sindical nos EUA tem salvo os postos de trabalho dos seus associados com iniciativas que beneficiaram da revolta popular contra os grandes bancos. A última vitória ocorreu no início de Julho. Os 4.000 trabalhadores da empresa Hartmarx, em Chicago, membros do sindicato Service Employees International (SEIU), alcançaram uma importante vitória contra o gigante financeiro Wells Fargo.

O banco concordou em manter a empresa a funcionar. Em resultado da ameaça dos trabalhadores de ocupar as instalações, da pressão popular e da ameaça de políticos de tomarem medidas contra o Wells Fargo, o sindicato conseguiu forçar o banco a aceitar a intervenção de outra empresa para manter a Hartmarx aberta.

Em dezembro último, os trabalhadores da Republic Windows and Doors, em Chicago, eletrizaram o movimento sindical ocupando a empresa.

Nessa altura, o Banco da América tinha recusado conceder empréstimos para a manter em funcionamento. Os membros do sindicato dos Eletricistas (Union of Eletrical Workers – UE – Local 1110) ocuparam as instalações da empresa durante seis dias e galvanizaram o apoio internacional à sua luta.

Os banqueiros foram forçados a negociar um acordo com os trabalhadores. A antiga Republic reabriu com um novo dono, que assinou um contrato com o sindicato.

No último confronto entre trabalhadores e bancos, mais de 100 funcionários da Quad City Die Casting em Moline, III., foram informados de que a empresa fecharia em 12 de julho se o Wells Fargo não lhe renovasse o crédito.

Estes trabalhadores são membros da seção local 1174 do UE e exigem que o banco garanta empréstimos à QCDC até que apareça outro investidor ou um novo comprador.

O vice-presidente da seção local 1110 do sindicato, Melvin Macklin, disse-me que "tal como apelámos ao Banco da América para se responsabilizar, também os trabalhadores da Quad City Die Casting estão a apelar ao Wells Fargo. É a mesma luta."

O banco Wells Fargo recebeu mais de 25 bilhões de dólares do orçamento federal através do programa de ajuda para combater a crise (Troubled Assets Relief Program / TARP).

Apesar da enorme ajuda que a administração de Barack Obama tem dado aos bancos, na ordem dos trilhões de dólares, os trabalhadores continuam a ser demitidos dos seus empregos e despejados das suas casas.

Desde novembro de 2007 até junho último, o número oficial de desempregados duplicou, passando de sete milhões para 14 milhões, ou seja 9,4 por cento da força de trabalho. No total há cerca de 30 milhões de desempregados ou subempregados, incluindo “desalentados” e trabalhadores temporários.

A revolta de massas tem vindo a crescer, especialmente contra os bancos, que já receberam mais de 10 trilhões de dólares do governo.

No site da UE, o dirigente Leah Fried escreve: "o Quad City Die Casting esteve no negócio durante 60 anos, fazendo componentes de peças de precisão agrícolas e equipamentos de recreio… Numa recessão como esta, o acesso ao crédito é essencial para os pequenos negócios enfrentarem a tempestade. Mas o Wells Fargo, apesar da sua relação financeira a longo prazo com o QCDC, que inclui a gestão de pensões dos trabalhadores, lavou as mãos como Pilatos. Isto levou os trabalhadores a interrogar-se sobre qual é o principal objetivo do TARP."


Em 11 de junho, milhares de trabalhadores de diversas seções sindicais e apoiantes locais manifestaram-se junto das instalações do Wells Fargo em Chicago para pressionar o banco.


O UE organizou manifestações de protesto contra o Wells Fargo em outras 20 cidades do país, desde Boston à Califórnia. Para além disso, uma delegação sindical contatou com os gabinetes de cerca de 100 congressistas, na semana passada, apelando a uma investigação à forma como o gigante da banca está a usar o dinheiro que recebeu do TARP.

Estas lutas põem em causa as medidas que a administração Obama tomou para tentar superar a crise econômica do capitalismo.

A sua equipa econômica de peritos da Wall Street pouco canalizou para a criação direta de empregos dos importantes gastos governamentais.

A maioria dos fundos vai para os bancos e para os gigantes da indústria. Na melhor das hipóteses, foram criados apenas três milhões de postos de trabalho. Já se perdeu mais do dobro disso.

Os trabalhadores do sindicato progressista UE estão a ajudar a mostrar que a crise econômica deve ser combatida pela organização, pela solidariedade internacional da classe operária, pela mobilização de massas, pela organização dos desempregados, pela luta contra o lay-off, pela ocupação das empresas antes que sejam fechadas, e acima de tudo pondo os direitos dos trabalhadores à frente dos direitos dos patrões.

John Catalinotto é jornalista e editor do jornal americano Workers World

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