O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que o saldo migratório atingiu em Portugal, em 2008, o valor de 9.361 pessoas, correspondente a 29.718 entradas no país e 20.357 saídas. Este saldo migratório é cada vez mais pequeno, já que Portugal é cada vez menos atraente para os imigrantes e a emigração é uma opção crescente para os portugueses que não encontram trabalho no país. O INE alerta também que o envelhecimento populacional está a acentuar-se.
O saldo migratório é o mais baixo desde que, em 1995, Portugal deixou de ser um país de saldo migratório negativo (isto é, onde havia mais emigração que imigração), e passou a ser um país atraente para a imigração. O saldo migratório mais alto registou-se em 2002 (70 mil), mas a partir daí foi declinando constantemente. Ainda assim, no ano passado ainda entraram mais 19.500 pessoas que saíram.
O decréscimo do saldo migratório acompanha a evolução da crise económica e o crescimento do desemprego. Se, por um lado, cada vez menos imigrantes procuram o país, porque há mais dificuldade em conseguir trabalho, mesmo precário - o que leva também muitos estrangeiros a saírem de Portugal -, por outro lado há cada vez mais portugueses a procurar trabalho fora. "Estamos a perder população jovem, em idade activa, e isso é grave para o país", constatou a demógrafa Filomena Mendes, em entrevista ao Público.
O decréscimo do saldo migratório vem também dar razão às associações de imigrantes, que têm denunciado a inutilidade do sistema de quotas de entrada de imigrantes no país como sendo apenas uma forma de fabricar imigrantes indocumentados - e por isso mais fragilizados diante da extrema exploração - sem ter qualquer efeito sobre a regulação dos fluxos migratórios. São as ofertas de emprego que regulam verdadeiramente as entradas e saídas de estrangeiros, argumentam as associações.
O estudo do INE mostra ainda que se acentua o envelhecimento da população em Portugal. Por um lado, a proporção de jovens (com menos de 15 anos de idade) na população total em 2008 manteve-se idêntica à do ano anterior. Mas, por outro lado, assistiu-se a um aumento da proporção da população idosa (65 ou mais anos de idade), passando a sua importância relativa de 17,4% (em 2007) para 17,6% (em 2008). O peso relativo da população em idade activa (dos 15 aos 64 anos de idade) também diminuiu.
Assim, diz o INE, manteve-se "a tendência de um duplo envelhecimento da população residente em Portugal, para o que tem contribuído a descida da natalidade a par com o aumento da longevidade nos últimos anos."
Fonte:Esquerda.net
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