domingo, 26 de julho de 2009

CAPITALISMO EM CUBA ATRAI BRASILEIROS.

A ilha de Fidel Castro despertou o interesse de empresas brasileiras. A aposta no fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos há 49 anos e a abertura gradual de Cuba ao capital estrangeiro têm levado representantes de diferentes setores da indústria nacional à ilha caribenha em busca de oportunidades de negócios.

A reportagem é de Marcelo Rehder e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-07-2009.

Empresas dos setores de vidro, farmacêutico e mobiliário, entre outros, avaliam projetos de investimento em parceria com empresas cubanas de capital estatal. As negociações não são tão recentes, mas avançaram nas últimas semanas. No começo do mês, uma missão comercial com representantes de 12 empresas brasileiras, que já trocavam figurinha com o governo comunista, esteve em Cuba.

O laboratório EMS, maior empresa brasileira do setor farmacêutico, assinou carta de intenção com a Heber Biotec S/A com vistas a intercâmbio de produtos e projetos do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Cuba, referência hoje em termos de biotecnologia. A Heber Biotec é a representante exclusiva, em nível internacional, do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia cubano.

"Com a assinatura da carta de intenção, a EMS expande seu universo de atuação e seus investimentos tecnológicos", informa o diretor de Projetos da empresa, Leonardo Sanchez, que participou da missão.

Com uma população de 11 milhões de habitantes e uma economia com um crescimento médio anual de 5%, segundo dados oficiais, Cuba é considerada um mercado promissor por empresas de várias partes do mundo. Por sua localização, a ilha pode se tornar uma plataforma de exportação de produtos da indústria brasileira para o Caribe e os Estados Unidos, principal mercado dos países caribenhos.

"O país vem se abrindo gradativamente a investimentos estrangeiros associados com empresas cubanas", diz Reginaldo Arcuri, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), entidade governamental que organizou a missão. "Além disso, não cria problemas para remessas de dividendos e tem acordo de proteção de investimentos com outras nações", ressalta.

Em maio de 2008, a vice-ministra da Indústria Básica de Cuba, Daysi Sánchez, visitou a fábrica de vidro Santa Marina, localizada em Guarulhos, na Grande São Paulo. A expectativa dela era levar a empresa a operar em Cuba. Depois de quatro viagens de negócios ao país caribenho, a última delas com a missão empresarial, o diretor da Santa Marina, Carlos Eduardo Gianini, espera fechar um memorando de entendimento com o governo cubano ainda este ano.

"A ideia é montar uma empresa de beneficiamento de vidro plano para construção civil em parceria com uma estatal cubana", conta Gianini.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, que liderou a missão empresarial a Cuba, costuma contar que o seu colega cubano, o ministro Raul de La Nuez, numa de suas visitas ao País se apaixonou pelo guaraná. Tanto é que autoridades e empresários brasileiros que vão para Cuba, segundo Jorge, passaram a levar na bagagem caixas da bebida em lata. Como os cubanos também adoram cerveja brasileira, uma empresa brasileira estaria avaliando a possibilidade de montar um fábrica lá.

Coincidência ou não, a Schincariol, segunda maior cervejaria do País, fez parte da missão comandada por Miguel Jorge. Procurado, o Grupo Schincariol não confirma nem desmente o eventual interesse em investir em Cuba. Apenas informou que a visita teve o objetivo de conhecer as particularidades e oportunidades do mercado cubano. A análise dos dados ainda está em fase preliminar.

Desde o ano 2000, a Randon, fabricante de bens de capital, exporta equipamentos para transporte de cargas para Cuba. A empresa não tem planos de montar uma fábrica no país, mas está animada com a possibilidade de fechar mais contratos.

A aproximação entre a empresa e o governo cubano deve resultar no aumento de 50% nas exportações da indústria, que no ano passado embarcou US$ 3 milhões em mercadorias, informa o diretor Erino Tonon.Segundo o executivo, se a empresa exportasse US$ 3 milhões para cada país do tamanho de Cuba, estaria muito satisfeita.
Fonte:IHU

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