Copiado do blog do Alê.
Vinicius Torres Freire
Estimativas de mercado e governo convergem para PIB em alta de 5% em 2010; Lula prepara ainda pacote político
Folha de S. Paulo - Chutar ou "estimar de modo informado" os números do crescimento econômico é um esporte quase tão desacreditado quanto o campeonato mundial de baratinhas, o de corridas de carros Fórmula 1, embora de modo um tanto injusto -ou ao menos pelos motivos errados (economistas batem muito seus carros no muro, mas raramente de propósito).
Mas conviria prestar atenção ao fato de que tanto os números da propaganda do governo como os das estimativas do mercado para o PIB de 2010 convergem para 5%. Há autoridades do governo mais otimistas até que o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, falou ontem em 5%. O economista Luciano Coutinho, presidente do BNDES, vem repetindo tal número faz tempo. Das consultorias mais sérias, a MB Associados subiu ontem sua projeção para o crescimento de 2010 de 4% para 5%. Os economistas do Bradesco ficam por aí, com 4,9%; os do Itaú, com 4,8%.
E daí? Prestar atenção à sintonia das expectativas públicas e privadas parece uma atitude assemelhada a ressaltar a importância das conjunções planetárias, na idiótica astrologia. Porém, esse início de disseminação do otimismo não é de todo sem consequência para o ânimo dos agentes econômicos -e também é reflexo desse mesmo ânimo. Não se trata de animação sem fundamento.
Os números do PIB foram melhores do que se poderia esperar, e os do comércio mal sentiram o choque inicial da crise no mercado de trabalho, que, no entanto, se dissipou rapidamente. A resistência do emprego foi uma das maiores surpresas do ano.
O clima de concórdia público-privado vai muito além das estatísticas. Lula agregou politicamente a maior parte da grande empresa. Nos itens da "pax" empresarial luliana podem ser lembrados: subsídios, aumento do crédito subsidiado (via BNDES), criação de fundos paraestatais de investimento (como aqueles para habitação e infraestrutura), apoio legal, extralegal e "muito legal" a fusões e aquisições, salvação de megaempresas quebradas etc.
Mesmo a intervenção do governo no mercado bancário, via expansão da atividade dos bancos estatais, nas internas é bem-vista pela banca, que em parte se beneficiou dela. Baixou, de resto, o tom das críticas ao nível da taxa de juros. O "mercado" faz menos alarde até a respeito da expansão do gasto público. Nem mesmo a desprivatização do petróleo suscita crítica forte. É um espanto.
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