Serra: um “favorito” que ninguém quer ao seu lado
O resultado da pesquisa CNT-Sensus, divulgado hoje, indicando a queda das intenções de voto em José Serra (de 39,5% para 31,8%) e a subida de Dilma Roussef (de 19% para 21,7%, mas desta vez com a inclusão de Ciro Gomes - com 17,5% - na lista), mais do que indicar uma realidade exata, só vem confirmar o que a política já está mostrando a quem consegue ler os sinais que ela emite. Porque às pesquisas eleitorais, vocês sabem, são como diz aquele ditado sobre as leis e as salsichas: se o povo soubesse como são feitas, nem…
Mas quais são os sinais que a política está nos transmitindo?
Vocês estão vendo como o PMDB está travando, em diversos estados, uma guerra de foice para evitar candidaturas a governador do PT e de outros partidos da base aliada? No Rio, na Bahia, em Minas, no Mato Grosso do Sul… Agora, responda depressa: onde há uma briguinha sequer para ser “o candidato do Serra”? Até dentro do PSDB/DEM a coisa está feia para ele, com estas cortejadas dos Democratas (ex-PFL) em cima de Aécio Neves…
Como um candidato que todos diziam ter, até há pouco, 40% de apoio, não haver uma alma - exceto algumas “penadas” - querendo o seu palanque?
Aqui no Rio, por exemplo, quem quer ser palanque de Serra? Gabeira já disse que não, Zito também hesita, Cesar Maia não quer nem chegar perto. Em São Paulo, Alckmin, depois de apunhalado por Serra na eleição municipal, vai dar “sangue, suor e lágrimas” por ele? Aécio, saindo Senador, está muito mais perto de fazer uma aliança tácita com o PT do que de complicar sua eleição relativamente segura por um candidato para fazer palanque para Serra? No Rio Grande do Sul, quem? Yeda “Cruzes”?
Isso está sendo percebido por toda a parte. Tanto é que, embora Lula tenha repetido que se deveria apoiar os governadores do PMDB como candidatos únicos da base aliada, isso não funcionou. O resultado (parcial) das eleições do PT aqui no Rio, com uma franca maioria pró-candidatura Lindberg é um dos muitos resultados que mostra como o faro de uma eleição nacional com resultados esmagadores em favor do Governo pode influir nos resultados estaduais.
E não se espantem se for assim até em São Paulo, pois é significativa a debandada de tucanos para o PSB e uma eventual candidatura Ciro Gomes. Alckmin sumiu no silêncio e Kassab brindou a candidatura Serra com um aumento enorme no IPTU, mostrando que seu horizonte não é 2010.
A questão que está diante das forças progressistas, que vai se definir nos próximos meses - mas não demora até junho, nas convenções - é o que se pode construir de base entre os governadores para sustentar um Governo não paenas de continuidade, mas de avanços. Dilma não é Lula. Não tem a força e o poder que a figura do Presidente encarna - 79%, nesta pesquisa de hoje. Precisará do seu apoio muito mais além do processo eleitoral.
E isso quer dizer que precisará também do apoio dos governadores para fazer uma política de aprofundamento das políticas sociais, desenvolvimentistas e de soberania política e econômica do Brasil . Nos do PT, PSB e PDT, terá. Nos do PMDB, talvez sim, talvez não. E a que preço?
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