Ofender Dilma comparando a Lott? Só mesmo O Globo
Embora, 50 anos depois, os redatores dos editoriais do Globo já pudessem ser avôs uns dos atuais, é curioso como a alma udenista do jornal atravessa as gerações. Hoje, em seu editorial, o jornal compara a relação entre Lula e Dilma Roussef com a de Juscelino Kubitschek e o Marechal Henrique Lott, seu ministro da Guerra e candidato presidencial. Para o jornal, que se empenhou até a medula na campanha de Jânio Quadros, candidato da UDN, seria um “atropelo à ética” Juscelino e Lula manterem Lott e Dilma até o prazo legal de desincompatibilização.
Ora, existe uma Lei em vigor. Em vigor, aliás, há muito tempo. Ela determinar prazos que valem para todos.
Será que o jornal defende que o Governador José Serra para não “atropelar a ética” deixe o Governo de São Paulo já?
Lott, que o jornal O Globo usa como exemplo para atacar uma suposta gastança de dinheiro público foi ofender a memória de um brasileiro do qual até os maiores adversários votam respeito. Nem mesmo a Veja tenta ofendê-lo.
Henrique Lott, mesmo não sendo pró-Vargas, conseguiu o apoio do PTB como candidato a sucessão por seu firme posicionamento contra qualquer golpe contra a democracia. Foi preso por defender a posse constitucional de Jango, em 61, quando Brizola levantou o país contra a quebra da Constituição. Com o golpe de 64, seu nome surge como candidato da oposição ao Governo da Guanabara, mas aproveitam-se do fato de ele estar residindo em Teresópolis, a apenas 70 km, para negar-lhe o direito de concorrer.
Já muito idoso, teve de conviver com a prisão e tortura de um neto, Nelson Luís, durante o Governo Médici. Morreu em 84, aos 90 anos, e a ditadura negou-lhe as honras militares a que tinha direito em seu sepultamento.
O Globo não ofende Dilma ao compara-la a Lott, nem a Lula ao compara-lo a Juscelino.
O Globo nem mesmo ofende o Marechal Lott ao insinuar que ele tirava proveito eleitoral de ser Ministro.
O Globo só ofende, como sempre, os fatos e a verdade.
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